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A geração distribuída alcançou cerca de 4,8 GW de potência instalada no Brasil esta semana. Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica, são 384,6 mil usinas e cerca de 490 mil unidades que recebem os créditos dessa geração. De longe a mais utilizada é a solar fotovoltaica com 4,6 GW, a segunda é a térmica com 94,8 MW, seguida da CGH com 23,5 MW e a menor dentre as fontes é a eólica com pouco menos de 15 MW. Pois é de olho nessa última que a francesa Vergnet vê oportunidade no país.

Os primeiros passos que estão sendo dados em território nacional estão no Nordeste com três projetos híbridos que une a solar e a eólica na modalidade de GD. Todos estão sendo desenvolvidos pela Windservice Brasil (WSB). O mais avançado é o chamado Guamaré I, localizado na cidade de mesmo nome, no Rio Grande do Norte e que terá 1 MW para cada fonte que está na fase de licenciamento ambiental simplificado, já com o parecer de acesso aprovado pela Cosern, a concessionária local.

O projeto, comentou Alexandre Almeida, CEO da WSB, tomou essa configuração em decorrência de particularidades no Nordeste sobre a cobrança do ICMS. Acima de 1 MW recolhe o tributo, então o desenho acabou sendo para essa divisão. “A vantagem é que estaremos com a geração de energia em pleno horário de ponta o que não é possível apenas com a solar”, lembrou ele.

O investimento estimado pelas empresas no empreendimento é de R$ 19,7 milhões. A tarifa obtida por meio dessa usina é calculada em R$ 0,61357/kWh, ante um valor de R$ 0,72184/kWh para o consumidor B3 que é atendido pela Cosern, ou 15% menos. Esses valores consideram o ano de 2020 e na tarifa da distribuidora já se considera os impostos. A taxa interna de retorno do projeto é calculada em 20,99%.

O fator de capacidade da eólica no projeto é estimado em 38% e a estimativa de geração é de pouco menos de 790 TWh no ano, considerando apenas o período entre 17h30 e 20h30 ao utilizar um aerogerador de 275 kW de potência instalada em uma torre de 60 metros de altura.

Cassio Reigado, diretor da Vergnet no país, comentou em entrevista à Agência CanalEnergia que a nacele e as pás (o modelo utiliza apenas duas ao invés das tradicionais três dos aerogeradores de grande porte da geração centralizada) são produzidos na França. O restante é de produção local. Mas, revelou que com a perspectiva de crescimento da demanda no Brasil e América do Sul em geral, é possível que a companhia possa estabelecer uma unidade para montar o equipamento no país.

“Podemos trazer as peças e montar a nacele localmente, as pás podem ser produzidas aqui, há fabricantes muito capacitados para isso aqui no país”, disse ele sem estabelecer quando poderia ocorrer esse investimento. “Vimos que existe um grande mercado a ser explorado por aqui com a GD eólica, pois quando se fala em geração distribuída o que se pensa é em solar”, comentou.

A estimativa de mercado é incerta, mas ainda em 2016, completou Almeida da WSB, era de 2 mil turbinas em 4 anos. E isso, ressaltou ele, equipamentos com potência entre 50 kW a 100 kW.

Enquanto esse momento não chega, a empresa continua negociando com seus potenciais clientes. A energia para esses projetos na modalidade GD remota terá como destino a classe comercial, até o momento os contratos que fecharam acordo inclui supermercados, postos de gasolina e aqueles mercados no modelo atacarejo.

Os demais projetos que estão em desenvolvimento são Guamaré II, na mesma localidade do primeiro e mesma configuração. E ainda, um no Ceará, Trairi II com 500 kW eólico e 1 MW solar. Ainda há outro projeto de GD eólico da Vergnet no norte de Minas Gerais com 550 kW de potência instalada para aproveitar a geografia do local que dispõe, segundo Reigado, de ótimos recursos eólicos não aproveitados para a GD. E outro puramente eólico em Macau com 275 kW. “Daremos entrada ainda em mais dois projetos na região Sul do país”, acrescentou ele.

A parceria entre as empresas também prevê o desenvolvimento de outros projetos solares já que a fabricante atua nesse mercado a cerca de 15 anos. Até o momento, a demanda que esses projetos apresentam é de 12 turbinas. A Vergnet aponta que tem cerca de 900 equipamentos já instalados em outras regiões onde atua, como na Ásia e Europa.