Mesmo contando com a disposição de membros do Governo Federal a favor da privatização da Eletrobras, o presidente da estatal, Wilson Ferreira Junior, não viu o engajamento necessário para que ele tomasse forma e se concretizasse. Em teleconferência com analistas realizada nesta segunda-feira, 25 de janeiro, o executivo falou sobre a sua saída da estatal, divulgada no domingo. “Não consegui ver a tração que o processo deveria ter, é uma percepção pessoal e em cima dela tomei essa decisão” afirmou.

A jornalistas, o executivo também revelou que o projeto de lei que dá largada no processo encontrava resistência no parlamento, porém menor que no passado. Ele também acredita que para o ano que vem a operação será difícil por ser um ano eleitoral. Ao ser questionado sobre o empenho do presidente Jair Bolsonaro na privatização, o CEO da Eletrobras disse que na época da entrega do PL houve o compromisso do mandatário com o processo.

Ferreira Junior, que deverá assumir a presidência da BR Distribuidora, vai continuar no conselho da Eletrobras. Isso permitirá que ele siga atuando em prol do processo e no setor elétrico. A capitalização, que segundo o governo, continua na agenda, ainda é considerada o melhor caminho para a empresa elétrica. Segundo ele, a reestruturação da empresa está feita e era o que ainda o seduzia para permanecer no cargo, já que a nova condição de investimento aumentaria a sua competitividade e retomaria a expansão. “O que falta fazer na Eletrobras em termos de recuperação é aumentar a sua capacidade de investimento. Se não consigo ver uma perspectiva objetiva para isso aconteça a minha contribuição fica perdida”, observou

Na conferência, o executivo salientou a satisfação de ter presidido a estatal, uma das maiores elétricas do mundo, com uma forte pegada renovável e sustentável, além de ser um detentora dos maiores investimentos anuais do Brasil, em torno de R$ 5 bilhões. A chegada no comando da estatal, em um momento em que ela estava endividada e em meio a denúncias de corrupção, não foi esquecida, bem como o acerto no cronograma das obras, a privatização das distribuidoras e a aplicação de planos de demissão incentivada.