Relatório de analistas da Genial Investimentos classifica a saída de Wilson Ferreira Junior da Eletrobras como um ‘golpe fatal para a privatização da empresa’, levando a queda de mais de 10% nos ADRs durante o pregão de ontem. A Genial vê a saída do presidente como negativa tanto pela chance da privatização, que fica mais improvável para os anos de 2021 e 2022,  quanto pelo risco de nomeações políticas nas subsidiárias. A Genial também vê um possível aumento do risco político com a indicação de um nome não técnico para a estatal.

O relatório apresenta ainda que apesar de considerar exitosa a gestão de Ferreira Junior na estatal, ainda há uma série de desafios que precisam ser abordados nos próximos anos. Dentro eles, estão a conclusão e divulgação de um cronograma para a usina nuclear de  Angra 3, a discussão sobre a retomada da expansão da empresa e a  manutenção das políticas de governança consolidadas nos últimos anos.

A Genial também alerta para a concessão da UHE Tucuruí e os ingressos da Rede Básica de Sistemas Existentes, que vem sustentando a rentabilidade da empresa os últimos anos. Como os dois itens terminam em 2025, a lucratividade da estatal entra em estado de atenção. Outro tema de alerta são os empréstimos compulsórios, pelo seu alto valor. A provisão indica R$ 10 bilhões no pior cenário. Para a Genial, a privatização é vista  como a chave para futuro da Eletrobras. A venda faria com que a concessão de Tucuruí fosse prorrogada e a usina sairia do regime de cotas, mudando o preço da energia cobrada de R$ 60/ MWh para R$ 150/ MWh.

De acordo com Cristiane Spercel, vice-presidente da agência de classificação de risco  Moody’s, a saída do atual presidente da Eletrobras não resulta em alteração imediata dos ratings, mas cria incertezas sobre a administração da estatal no curto prazo, além das perspectivas para a privatização. Segundo a Moody’s, a liderança de Ferreira Júnior representou uma virada de chave na gestão de negócios da Eletrobras, compromissado com o controle de custos e redução da alavancagem para um perfil de crédito sustentável.