Impactado pela pandemia, o consumo de energia elétrica apresentou altos e baixos ao longo de 2020. Com a flexibilização das medidas de isolamento social iniciada no último trimestre, os primeiros sinais de recuperação foram observados a partir do desempenho geral dos principais setores da economia, o que elevou a 10,3% a demanda em dezembro em relação ao mesmo mês de 2019, informa o levantamento realizado pela Comerc Energia.
A pesquisa mostra que as medidas restritivas a partir de março fizeram o consumo geral dos 11 principais ramos de atividade econômica recuarem 18,12% e 16,96% em abril e maio na comparação com os mesmos meses do ano anterior – maiores quedas desde 2015, quando o Índice Comerc começou a monitorar o desempenho do mercado livre de energia. A recuperação deu os primeiros sinais em setembro, seguindo em alta gradativa até dezembro.
Na análise setorial, alguns setores como Papel & Celulose, Alimentos, Embalagens e Química apresentaram quedas pontuais ou oscilação dentro da média histórica mesmo com as medidas impostas pela disseminação do coronavírus. De acordo com Marcelo Ávila, Vice-Presidente da Comerc Energia, os menores impactos podem estar relacionados não apenas a questões econômicas, mas também a mudanças de comportamento de consumo.
“A alta procura por papéis para fins sanitários e embalagens elevou a demanda por celulose em todo o mundo, ajudando o setor a ir na contramão da crise. Muitos hábitos de higiene devem se manter mesmo após o fim da pandemia e o setor deve estar preparado para um aumento substancial e constante da demanda”, comenta.
O mesmo se aplica ao setor de Embalagens, visto que o comércio online e o delivery caíram no gosto popular e devem ser utilizados por cada vez mais consumidores. “Vemos que algumas tendências vêm se fortalecendo nos últimos meses. É preciso estar atento a como essas mudanças impactarão não apenas na retomada econômica, mas também na estratégia das empresas e setores”, complementa Ávila.
Por outro lado, a mudança de comportamento não consumo pode impactar de forma ainda mais significativa setores como Veículos & Autopeças e Têxtil, Couro & Vestuário. Com a adoção do trabalho remoto definitivo por parte de muitas empresas, além dos desdobramentos da crise econômica, a demanda por roupas e calçados e as formas de deslocamento também devem mudar.