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A Echoenergia emitiu as primeiras debêntures do setor de energia eólica para projetos que foram negociados 100% no mercado livre. Os papéis estão relacionados aos parques Vila Piauí I e II com 76 MW de potência instalada. Esses ativos pertencentes à Fase 1 do Complexo de Serra do Mel (RN) que soma 476 MW de capacidade instalada. Para os outros 206 MW que representam a Fase 2 do projeto a empresa pretende replicar a estratégia de captação de recursos no mercado de capitais.
De acordo com a CFO da empresa, Lara Monteiro, a decisão de captar recursos via emissão desses títulos veio com a assinatura do terceiro PPA do complexo. O processo ocorreu no final de 2018, ao longo de 2019 as contas foram sendo feitas até a emissão de R$ 87 milhões, realizada em agosto de 2020 com a operação encerrada no último trimestre de 2020. Esse montante refere-se a 20% do investimento nos dois parques, outros 60% foram captados junto à Sudene e outros 20% de capital próprio.
As debêntures possuem 15 anos de prazo de vencimento e contam com a garantia do próprio projeto, bem como fiança bancária durante o completion físico. A agência de classificação de risco Fitch atribuiu rating Nacional de Longo Prazo ‘AAA(bra)’, e Perspectiva Estável.
Segundo a geradora, a nota foi conquistada por diversos fatores, sendo preponderante o investimento em sistemas proprietários de avaliação de risco que, a partir da análise de uma equipe de gestão, permitem identificar com mais precisão a curva de geração que é vendida aos offtakers. Outro fator relevante foi a estratégia de não vender 100% da energia gerada.
“O investimento em Serra do Mel ultrapassa R$ 2 bilhões, temos a aplicação de R$ 1,3 bilhão na Fase 1, onde estão os dois projetos para os quais emitimos as debêntures. Ainda há uma outra parte do complexo em construção, a Fase 2 e nossa estratégia de captação considera sim repetir a operação que fizemos com sucesso nos parques Vila Piauí I e II, já estamos trabalhando essa emissão”, revelou a executiva em entrevista à Agência CanalEnergia.
Nesses projetos, continuou Lara, a empresa manteve uma parcela da energia descontratada, é este foi um fator-chave na avaliação de risco feita tanto pela agência de rating como pelo investidor. Essa estratégia, contou, visa manter um ‘colchão’ para poder vender energia no curto prazo.
Cerca de 25% da energia está nessa condição que fica disponível para negociar no curto prazo. Os 75% são contratos de longo prazo que garantem os recebíveis para a companhia ter recursos para pagamento da dívida. Os volumes de curto prazo variam de acordo com análise das informações sobre preço e demanda para a negociação, o prazo máximo acaba sendo de três anos nessa parcela da energia.
ESG
A CFO destacou que essa emissão foi possível também por outro fator que vem ganhando cada vez mais força no país, empresas que mantém boas práticas e relacionamento com a comunidade. Esse tema ganha cada vez mais importância na agenda dos financiadores.
Ela contou que o perfil de quem coloca seus recursos é de investidores institucionais brasileiros formado por fundos de crédito especializados em debêntures de infraestrutura que buscam conhecer melhor a relação da empresa empreendedora com as pessoas em sua área de influência. No caso da Echoenergia as comunidades onde estão localizados os parques. Em sua análise há cada vez mais bolsos que atuam nesse sentido e por isso a empresa analisa operações futuras de green bonds.
Especificamente para os dois parques a Echoenergia investiu R$ 3 milhões em projetos de educação nas comunidades. Esses recursos, contou a diretora de RH e Projetos Sociais da empresa, Vivian Blaes, não contaram com subsídios, apenas capital próprio da geradora.
“O investimento foi feito em infraestrutura e formação, em escola da educação básica e uma técnica para formação de mão de obra não apenas para nós mas para toda a região. Com educação a gente cria um desenvolvimento sustentável e reduz a violência”, apontou.