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A Energia Sustentável do Brasil, empresa responsável pela hidrelétrica de 3.750 MW no rio Madeira, adotou uma nova marca, passou a se chamar comercialmente de Jirau Energia. Na prática, essa alteração tem como foco estabelecer uma identidade para a companhia, cuja SPE que deu origem à organização, data de 2008, época do leilão em que foi arrematada. Em paralelo, continua a mesma estrutura societária, as expectativas e as disputas que a usina têm na Justiça.
O presidente da empresa, Edson Silva, que está à frente da empresa desde outubro de 2019, contou em entrevista à Agência CanalEnergia que a mudança vem em um momento de transição. A companhia deixou de ser orientada à construção da usina para ter foco na operação do ativo.
“A forma de tocar o negócio é diferente quando está em obras e depois que passa a ser operacional, por isso adotamos o nome pelo qual somos conhecidos”, comenta o executivo. Ele nega que a alteração tenha alguma relação com uma alteração dos sócios ou a transferência do ativo para a Engie Brasil Energia, subsidiária de geração da Engie (GDF Suez à época do leilão) que detinha 60% do capital da usina.
Ele reforça o que a EBE vem falando sobre a transferência da usina, uma ação que era prevista no passado e vem sendo postergada. Segundo Silva, não há previsão. Isso deve-se ainda por conta das pendências regulatórias que seguem em aberto. A principal delas é o reconhecimento do excludente de responsabilidade da companhia de 535 dias e que hoje está amparada por uma liminar, enquanto o mérito não é julgado. Outra questão em que a Justiça foi o caminho para a empresa é sobre a cota da UHE Santo Antônio, cerca de 100 quilômetros rio abaixo, que influenciou na redução da garantia física de Jirau.
Enquanto essas questões seguem o ritmo do judiciário, a empresa foca seus esforços no aumento de sua eficiência operacional. No curto prazo a principal perspectiva é acerca da redução da TUST a partir do ciclo de 2022, quando se encerra a tarifa congelada do uso de transmissão. “Hoje pagamos cerca de R$ 1 bilhão por ano, nossas análises internas mostram que poderia ter uma redução da ordem de 30%”, estima. “Esse valor representa um terço da receita da companhia e ajudaria no reequilíbrio”, acrescenta.
Esse é um ponto, continua ele, que esta na base do trabalho que vem desenvolvendo atualmente. A companhia tem como fundamento básico oferecer o reequilíbrio econômico e financeiro. E nesse sentido não é apenas a TUST que é esperada com expectativa. Historicamente a ESBR defendia que a questão do GSF vinha pressionando os resultados. E com a Lei 14.052, que trata desses débitos há uma estimativa de recuperação de perdas registradas por conta de restrições associadas à transmissão.
Esse é um dos três pilares que formaram a solução do GSF, convertida na lei 14.052. Silva lembra que aguarda os cálculos da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica sobre o quanto deverá ser a extensão da concessão da usina. Ele diz que convertido em dias, a estimativa da CCEE é de 390 enquanto que na visão de Jirau seria de 420 dias.
O CEO da Jirau Energia destaca ainda que a companhia também vem atuando de forma a mitigar sua exposição ao mercado spot. Em 2020 realizou um leilão onde comprou 100 MW médios em PPAs de longo prazo. Esse certame viabilizou 176 MW em nova capacidade instalada das fontes eólica e solar para servir como hedge para a geradora que é 100% contratada, 70% no mercado regulado e 30% no livre.
“Em 2023 esses projetos estarão prontos, são 3 projetos, dois na fonte solar e um eólico que estavam no leilão no ACR, mas que não venderam a energia”, lembra.
Essas ações, continua Silva, tem como meta melhorar a eficiência operacional da usina. Em paralelo, comenta que outras ações tomadas estão na busca por formas criativas de lidar com as necessidades, como por exemplo com o alto volume de troncos que descem o rio, característica tão marcante do rio que por essa razão tem o nome de Madeira.
Na avaliação dele, a MP 998, que entrou na pauta do Senado Federal, na sessão desta quinta-feira, 04 de fevereiro, é importante para o setor como um todo por trazer mudanças importantes, a principal delas é a questão dos subsídios que distorcem o sinal de preços. Para a geradora, contudo, diz que não tem efeitos diretos, assim como o PLD horário até pelo nível de contratação de Jirau. Essa avaliação estende-se ao setor como um todo.
Ao encerrar o seu sétimo ano desde que entregou os primeiros elétrons ao SIN, a usina registrou uma produção de 1.724 MW médios. Esse volume foi classificado como bom, até porque até 2019 perduravam os problemas com a estrutura para o escoamento ao seu principal destinatário a região Sudeste, interligada pelos bipolos que atravessam por mais de 2 mil quilômetros o país.
Quanto à revisão da garantia física de 2023 ele se mostra tranquilo, pois argumenta que o certificado de Jirau, por ser recente, está alinhado com o que a usina entrega. A batalha é mesmo pela recuperação da capacidade perdida por conta do aumento da cota de Santo Antônio, mais uma das rusgas históricas entre as usinas, que datam ainda do leilão de 2008.