O Cepel realizou o primeiro ensaio para cliente externo em seu Laboratório de Redes Elétricas Inteligentes, que está sendo implementado na Unidade de Adrianópolis, em Nova Iguaçu (RJ), com recursos das empresas Eletrobras, Associadas Fundadoras do Centro e da Petrobras, sua Associada Especial.

Embora a infraestrutura da unidade ainda não esteja operando formalmente, o que deve acontecer até o final do primeiro semestre de 2021, o ensaio em um inversor central fotovoltaico de grande porte, utilizando uma abordagem modular com potência nominal de 200 kW, atendeu à necessidade de uma planta de energia uruguaia.

O país, assim como outros do continente, não dispõe de um laboratório do gênero, principalmente em termos de potência. “Somos os únicos do Brasil e que saibamos da América Latina com a capacidade de potência de 300 kVA para realizar a avaliação de conformidade desse inversor”, comenta o pesquisador Oscar Antonio Solano Rueda, lembrando que a segunda maior unidade em capacidade no país tem uma potência nominal de 100 kVA, localizada no Rio Grande do Sul.

Essa nova configuração com as renováveis intermitentes, como a solar e a eólica, pode apresentar desafios para a operação do sistema elétrico, principalmente em função do nível de penetração nas redes de distribuição e transmissão, o que traz “variações intrínsecas e estocásticas podendo originar desvios de parâmetros elétricos fora dos limites normativos, como frequência e amplitude de tensão”, exemplifica.

Para ele, as normas técnicas dos inversores são cada vez mais exigentes devido a versatilidade e controlabilidade, o que torna indispensável uma infraestrutura laboratorial adequada para atestar a conformidade. O ensaio realizado para uma empresa do Uruguai visou avaliar a característica de suportabilidade a subtensões decorrentes de faltas na rede do inversor, função conhecida internacionalmente como LVRT – Low Voltage Ride Through.

Hardware – Além da avaliação voltada a esses equipamentos segundo as normas técnicas nacionais e internacionais, outra área do laboratório de Redes Elétricas Inteligentes em fase final de implantação é a de pesquisa experimental baseada em bancada Power Hardware in the Loop (PHIL), que combina benefícios das simulações computacionais em tempo real e dos ensaios laboratoriais, permitindo antecipar em ambiente controlado comportamentos não desejados de dispositivos reais de hardware.

Segundo o Centro esta bancada possibilitará o uso combinado de amplificadores de potência do tipo linear e do tipo chaveado e o ensaio simultâneo de até três diferentes equipamentos reais de hardware, além da integração de ensaios de potência e de interoperabilidade de protocolos de comunicação e de equipamentos de até 60 kVA.