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A Coprel inicia 2021 celebrando seu aniversário de 53 anos e buscando seguir crescendo mesmo em meio à crise ocasionada pela pandemia, planejando investir R$ 50 milhões em linhas de distribuição e subestações, R$ 7 milhões a mais do que no ano passado, com boa parte dos recursos direcionada às conexões na rede básica e ao mercado livre e trazer benefícios para seus 56 mil associados, além de transformar a malha monofásica em trifásica, com as propriedades ganhando escala.
“Estamos nos preparando para a modernização do setor, fizemos uma grande abertura no ano passado para leilões e diminuir os preços de suprimentos, derrubando em quase 20% as tarifas frente a uma média de 10% por ano, o que nos nivelou e deu fôlego”, disse o presidente da cooperativa, Jânio Stefanello, em entrevista exclusiva à Agência CanalEnergia.
A previsão é construir mais uma subestação de 138 kV e cerca de 20 quilômetros em subtransmissão para conectar o sistema e seguir com as adequações em processos e negócios de forma conjunta com o segmento de geração, resultando em reorganizações de atividades e alocação de colaboradores, além de intensificar a sinergia de infraestrutura para o interior suportar os adventos da modernidade.
Carro chefe do grupo, a estratégia na distribuição é reforçar a relação de atendimento com os sócios, que são donos e clientes ao mesmo tempo, e que podem por exemplo exercer influência na governança da cooperativa caso não estejam satisfeitos, diferentemente do que acontece nas concessionárias.
Coprel tem 4 SEs automatizadas e vai construir mais uma para conexão ao mercado livre (Coprel)
“Para se ter noção, das 15 melhores notas do IASC (prêmio da Aneel que reconhece a qualidade das distribuidoras), 14 são cooperativas, o que mostra um caminho muito focado no relacionamento com esse tipo de consumidor”, justifica o presidente, afirmando que o grande diferencial da corporação é o serviço e eficiência em meio às ocorrências na operação.
“Temos um plano de contingência que em pouco tempo deslocamos todas equipes cooperadas e levantamos 50 km como no temporal de 2018, o que na área de outra concessionária levaria dias. É no temporal que a distribuidora tem que mostrar sua eficiência”, rememora.
Internet e agronegócio
Quando fundada em 1968, o objetivo era levar energia às famílias rurais. Hoje, Jânio conta que a grande demanda é levar comunicação de qualidade para o campo, o que tem sido feito através do negócio de Telecom, que terá aporte de R$ 17 milhões para implementar mais 1.800 quilômetros de fibra óptica, importante não só para levar internet a essas localidades, mas também para acompanhar o desenvolvimento do agronegócio na região, que tem mostrado crescimento.
A ideia é que o grupo use sua experiência e a cultura adquirida nesse setor, que inclusive telecomanda todos seus ativos por meio de um centro de operação inteligente e investimentos na automação de quase todo sistema elétrico, somando quatro SEs automatizadas e a instalação de religadores automáticos em toda alta tensão, objetivando chegar a baixa tensão nesse ano, o que permitirá ao cliente acessar informações e gerenciar seu consumo.
Com 60% dos cooperados ainda na malha monofásica, Stefanello afirma que a distribuidora vai usar as sobras do último resultado financeiro para implementar 500 quilômetros de redes trifásicas nos municípios onde os associados exercem maior pressão, principalmente os produtores de frango e leite, com a Coprel Serviços indo na propriedade ou agroindústria fazer o gerenciamento nos equipamentos locais.
“Consegui convencer o governador e agora vamos trabalhar no Congresso para tentar sensibilizar o governo federal a entrar nesse programa, pois agricultura 4.0 não se faz sem internet”, ressalta o dirigente, que também preside a Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura (Infracoi), referindo a força que a instituição vem reunindo no âmbito político, agora com cerca de 50 cooperativas exercendo maior pressão para acompanhar os trabalhos regulatórios em Brasília.
Automação de aviários desponta como uma das principais demandas do agronegócio gaúcho (Coprel)
Um dos pontos destacados com as novas tecnologias é a automatização de aviários e a irrigação de lavouras ou estufas, visto que a mão de obra é um problema sério no interior, envolvendo custos trabalhistas, riscos e passivos para o produtor. “Também vejo outras áreas como gado leiteiro e irrigação para a automação à distância, o que estamos preparando com a Coprel Telecom”, aponta.
Geração pode ter governança parecida com empresas do setor
Se por um lado a pandemia foi um risco para muitos, para a Coprel representou em parte uma oportunidade, pois mesmo com a recente estiagem e baixos níveis hidrológicos o consumo de energia cresceu 8% em sua área, devido as atividades de avicultura, suinocultura e leiteira, com diversificação em escala.
“Melhoramos o resultado de 2020 mesmo na crise, fechando o faturamento em cerca de R$ 450 milhões e reinvestimos parte desse montante em melhorias em infraestrutura para gerar valor para as famílias rurais, pensando no que podemos agregar”, resume.
No braço de geração, que teve “excelentes” índices de desenvolvimento no ano passado, ampliando a oferta de serviços e o número de clientes em Operação e Manutenção, a intenção do grupo é mirar novas oportunidades em usinas, podendo buscar recursos por meio de fundos de investimentos privados ou com a alavancagem passando pelo modelo das empresas no mercado, podendo lançar debêntures para galgar novas possibilidades.
“A ideia é mostrar confiança e profissionalismo na gestão para captar investidores”, salienta o presidente. A cooperativa possui três pequenas centrais hidrelétricas próprias e seis em parceria, e no momento está em vias de concluir mais duas PCHs no começo desse ano, uma com energia vendida em leilão para 2023 e investimento de R$ 74 milhões com outros participantes.
PCH Dreher (17,7 MW) é uma das usinas com gestão da cooperativa junto a outros investidores (Coprel)
É certo que a estratégia não é mais fazer projetos isolados e sim escolher bons parceiros para mitigar riscos em forma de Sociedade de Propósito Específico, como em uma PCH de 1,4 MW no modelo de GD e recentes estudos e mapeamento de regiões para construir parque eólicos no estado, beneficiado pelos recentes investimentos em linhas de transmissão.
“Estamos querendo entrar no mercado de GD, que tem um crescimento exponencial no futuro, além de eólicas e participação nos leilões para buscar PPAs, mirando dois projetos para habilitação em março”, informa.
Para Jânio Stefanello, o desafio futuro será fazer as fontes renováveis serem competitivas, através de planejamento e análise detalhada, destacando o potencial de rios no Rio Grande do Sul e a abertura para o mercado livre como um sinal para o grupo trabalhar para aperfeiçoar e melhorar sua gestão. “Queremos alavancagem com clientes e sócios para aportes em usinas, para quem tem bala na agulha; crescer com boas alianças estratégicas”, finaliza.