A energia eólica acaba de atingir a marca de 18 GW de capacidade instalada, 10,3% da matriz elétrica nacional. De acordo com dados apresentados pela Associação Brasileira da Energia Eólica, são 695 parques e mais de 8.300 aerogeradores. Uma década atrás o segmento ainda contava com menos de 1 GW de capacidade e hoje é a segunda maior, ficando atrás apenas da hidrelétrica que possui 58,7% do parque instalado no país.
“Há exatos dez anos, em 2011, tínhamos menos de 1 GW de capacidade instalada e cá estamos nós comemorando 18 GW no início de 2021. É um feito impressionante, fruto não apenas dos bons ventos brasileiros, mas também de uma indústria que se dedicou a construir fábricas, trazer e implantar novas tecnologias e que se tornou muito competitiva”, explica Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica.
A entidade destaca que em dias de recorde a fonte já chegou a atender até 17% do país durante todo o dia. A previsão é que, até 2024, considerando apenas os leilões já realizados, a fonte avance até cerca de 28 GW. Mas continua a ABEEólica, estes números devem ser maiores, porque não captam completamente o desempenho do mercado livre, que vai se somando a esses valores conforme os novos contratos vão sendo fechados.
“Temos que lembrar que de 2018 a 2020 o ACL foi responsável por uma maior contratação que o ACR no caso de eólicas”, detalha Elbia. “Temos, no entanto, que considerar que a eólica está passando por um momento de expansão no mercado livre e isso tende a fazer muita diferença para o setor, podendo equilibrar a falta de demanda no regulado. E, mesmo nos leilões regulados, ainda que eles possam ser menores, sabemos que as eólicas tendem a ter um papel importante pela sua competitividade e pelo que sinaliza o PDE 2029”, analisa Elbia.
A executiva aponta que a pandemia de covid-19 trouxe impacto, até porque a queda de demanda foi grande. Este fator deverá levar a uma menor declaração de necessidade por parte das distribuidoras nos próximos leilões destinados ao mercado regulado.
Ao mesmo tempo, lembrou Elbia, a pandemia levou a uma discussão que é a necessidade de termos uma retomada verde da economia. O Global Wind Energy Council(GWEC, co- organizador do Brazil Windpower com a ABEEólica e o Grupo CanalEnergia), por exemplo, lançou o documento “Energia eólica: um pilar para a recuperação da economia global – Reconstruindo melhor para o futuro”.
No manifesto, que está em inglês, o GWEC apresenta argumentos sobre o poder de investimento da eólica, com criação de empregos e efeitos positivos para as comunidades e para o desenvolvimento tecnológico. Além disso, apresenta ações que podem ser tomadas pelos governos para garantir que, no “day after” dessa pandemia, os esforços para reconstrução e retomada da economia possam acontecer de forma a contribuir para termos uma sociedade mais justa e sustentável.
Para Elbia, esta é uma discussão imprescindível e a pandemia está abrindo ainda mais os olhos da humanidade para o inadiável combate ao aquecimento global.