O foco da EDP Brasil em distribuição está na Celesc, estatal catarinense onde detém a maior parte do capital social total, participação mais elevada até do que o próprio governo estadual, com 29,9% contra cerca de 20%. Uma eventual privatização da distribuidora atrairia a EDP, confirmou Miguel Setas, que deixou o comando da empresa na sexta-feira, 19 de fevereiro, onde agora é o presidente do Conselho de Administração.
“Em distribuição a nossa prioridade está sobre a Celesc, temos 30% do capital de lá e gostamos do contexto de sua área de concessão e potencial de crescimento”, comentou a jornalistas em coletiva sobre os resultados de 2020 da companhia. “Em Santa Catarina são 3 milhões de consumidores e se participar de uma privatização dobra a nossa escala em distribuição no Brasil”, disse ele.
E acrescentou que o nível de participação total no capital que é por meio de ações preferenciais é um sinal importante do interesse na distribuidora catarinense.
Outro assunto que a EDP acompanha é a questão da RTE por conta dos impactos da pandemia de covid-19. Nesse caso, a companhia, afirmou o diretor vice presidente de Finanças, Henrique Freire, não possui expectativas sobre o avanço do tema ainda este ano. Até porque, lembrou, ainda há uma possível segunda onda que deverá ter impactos no segmento. Mas destacou por sua vez que há fatores a serem reconhecidos como a sobrecontratação das concessionárias por conta da redução de mercado no ano passado.
Vale lembrar que a CCEE estima que as distribuidoras deverão ficar com nível de contratação acima do limite regulatório mesmo este ano. A projeção é de que na média fique em 105,1%, ou 0,1% acima do máximo para a cobertura tarifária.
“A sobrecontratação é um bom exemplo do que deveria ser capturado nessa RTE”, comentou. “Não estamos com expectativa de desenvolvimentos desse tema nos próximos meses. A pandemia não acabou e infelizmente teremos impacto da segunda onda, economicamente ainda devermos ter muitos meses e estamos cautelosos com isso”, acrescentou.
O executivo disse ainda que esse posicionamento da EDP decorre de uma precaução ante uma possibilidade de nova piora dos indicadores de perdas e inadimplência, resultado da retração da renda da população, apesar de ainda não ser visível esses efeitos nos dois primeiros meses de 2021.