A 11ª Vara Federal de Curitiba determinou a imediata suspensão de qualquer intervenção ou obras que estejam em curso na região da Escarpa Devoniana relacionadas à implantação do sistema de transmissão Gralha Azul, de concessão da Engie. O empreendimento prevê a construção de mil quilômetros de linhas de transmissão e na avaliação do Ministério Público do Paraná, traz expressivo impacto ambiental em diversos municípios paranaenses. A decisão atende pedido feito em ação civil pública ajuizada pelo próprio MP-PR, em conjunto com o MPF, em outubro do ano passado.

Na decisão, o juízo considerou que a implementação das linhas de transmissão “constitui risco flagrante às cavidades naturais e que a região da Escarpa Devoniana apresenta grande potencial espeleológico ainda não suficientemente estudado pela empreendedora”.

As obras nessa área somente poderão ser retomadas após a Engie apresentar estudo espeleológico completo e suficiente, devendo ser observada a legislação relacionada (Resolução Conama 347/2004 e Instrução Normativa 2/2017 do Ministério do Meio Ambiente).

Na mesma decisão, segue a nota do MP-PR, a Justiça determinou que o Instituto Água e Terra deve deixar de conceder qualquer tipo de licença ou de autorização ambiental permitindo que a empresa à frente do negócio intervenha na região da Escarpa Devoniana. Também deverão ser suspensas eventuais licenças ou autorizações já concedidas para instalação das torres e linhas de transmissão na região.

O juízo fixou multa diária (no valor fixo de 1% sobre o valor da causa), sem prejuízo de outras medidas indutivas ou coercitivas.

A área de Proteção Ambiental em questão está localizada entre os Campos Gerais e a Região Metropolitana de Curitiba. É a maior Unidade de Conservação do Paraná e abriga importantes formações geológicas, com campos nativos e florestas de araucárias.