O impacto da variabilidade e das mudanças climáticas sobre a disponibilidade de água acende o sinal de alerta para que os grandes usuários – como empresas do setor elétrico e da indústria – reavaliem a forma de gerir os recursos hídricos e garantir o melhor aproveitamento em seus processos produtivos. Esse é o caso, por exemplo, das usinas termelétricas de ciclo combinado (gás e vapor), que tem a água como segundo insumo mais importante para sua operação.
Os resultados de um estudo concluído, no final de 2020, por pesquisadores do Lactec – um dos maiores centros privados de tecnologia e inovação do país – apontaram o aproveitamento da água de reúso (efluentes do tratamento de esgoto) como alternativa ao processo de geração termelétrica para mitigar o risco de desabastecimento em uma situação de crise hídrica. É justamente nessas ocasiões que as térmicas são acionadas para complementar a geração das hidrelétricas e poupar os reservatórios, quando atingem níveis críticos.
O projeto – realizado no âmbito do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – foi demandado pela Usina Elétrica a Gás de Araucária (UEGA) e visava à gestão de água em sua planta, localizada na Região Metropolitana de Curitiba. A termelétrica tem uma potência instalada de 484 megawatts (MW) e consome cerca de 430 metros cúbicos de água por hora, quando opera em sua capacidade plena.
O coordenador do projeto pelo Lactec, João Borba, explicou que o maior consumo de água (cerca de 400 m3/h) é o da torre de resfriamento da usina. Os estudos indicaram que a água de reúso, tratada por osmose reversa, pode atender perfeitamente a essa finalidade, enquanto a água industrial, que também recebe um polimento final, é destinada às caldeiras para geração de vapor. Esse processo exige uma água de melhor qualidade para evitar a corrosão e o desgaste dos equipamentos.
“Esse projeto de pesquisa e desenvolvimento se iniciou tendo em mente que a água é um bem finito, escasso e de múltiplos usos e que usinas termelétricas são suas grandes consumidoras. Ele, então, permitiu conhecer quais as possibilidades na obtenção desse bem, assim como a indicação de melhorias e investimentos necessários à sua implementação”, complementou a diretora presidente da UEGA, Cintia de Carvalho Toledo.
Ganhos socioambientais e econômicos
“A gestão do uso da água nos processos industriais, a partir da identificação de fontes alternativas para reduzir a captação em mananciais, que também se destinam ao abastecimento público, é o principal ganho desse trabalho realizado em parceria com a UEGA”, destacou a coordenadora técnica do projeto pelo Lactec, Juliane de Melo Rodrigues.
A pesquisadora lembra que, com o uso de tecnologias adequadas, é possível aumentar o número de ciclos da água dentro do processo industrial – atendendo ao conceito de economia circular – e melhorar a qualidade da água para prolongar a vida útil dos equipamentos. São duas frentes importantes e que podem impactar de forma muito representativa na redução dos custos operacionais.
O conhecimento técnico produzido a partir desse projeto de P&D, que envolveu profissionais do Lactec das áreas de meio ambiente, materiais, sistemas mecânicos e elétricos, está reunido no livro Gestão de Água em Complexo de Geração Termelétrica. A publicação de 191 páginas foi disponibilizada pela UEGA e Lactec para toda a comunidade técnica e científica. Para fazer o download do livro, acesse este link.
(Nota da Redação: Conteúdo patrocinado produzido pela empresa)