O clima era de despedida. Analistas de mercado agradecendo aos anos em que o agora ex-presidente da Eletrobras passou à frente da empresa e ele, mesmo tendo deixado a função realizou toda a teleconferência de resultados de 2020 da empresa. Teve ao seu lado a presidente interina, Elvira Presta, que é a diretora Financeira e de Relações com Investidores da Eletrobras.

E para terminar, o executivo fez um balanço da empresa que assumiu em 2016 e entregou em 2020. “Esse sem dúvida foi o maior desafio de minha carreira”, sentenciou ele. “Ao final de 2021 a empresa chegará a 49 SPEs, o que a deixa preparada para uma nova estrutura de custos e de alavancagem”, acrescentou ele.

A mudança da empresa apresentada em números indica que a Eletrobras saiu de um volume de 26.008 empregados para 12.088 e deverá recuar ainda mais, há o planejamento de encerrar outubro com 11.612 por conta das demissões que constam ainda no programa de demissão e já estão acertadas.

Outro destaque que o executivo ressaltou foi a redução de custos. Em termos de PMSO, de R$ 12,8 bilhões para R$ 9,8 bilhões ao final de 2020. Resultado obtido com a adoção de Centro de Serviços Compartilhados e a adoção de um sistema de ERP único para a empresa.

Assim que assumiu a empresa, o executivo começou um trabalho de redução da estrutura da Eletrobras que apresentava 178 SPEs. Nesse período houve a privatização de cinco distribuidoras, leilão de SPEs e restruturação das controladas no Sul do país que resultou na CGT Eletrosul. Mesmo processo deverá ser encerrado no Norte com a Eletronorte e a Amazonas GT.

E outro destaque dado foi ao nível de endividamento e de valor de mercado. Desde que assumiu a Eletrobras, Ferreira Jr dizia – por diversas oportunidades – que a companhia havia perdido as condições de investimento. Não havia espaço para novos compromissos uma vez que o endividamento estava em 3,6 vezes a relação entre a dívida líquida sobre o ebitda ajustado. O valor de mercado era de R$ 27 bilhões. Ao encerrar o ano de 2020 esses valores estavam em 1,5 vez e R$ 54,9 bilhões.

O número de acionistas passou de 23.605 para os atuais 139.808, incluindo ele mesmo, que garantiu permanecer nessa condição sem a meta de se desfazer de sua participação na empresa.