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Com foco em democratizar o acesso à energia solar no país, a Enerzee vem atuando há dois anos com um ecossistema formado por usinas de aluguel por cotas, instalação de painéis sob medida e na parte mais inovadora de seu negócio, em que os clientes podem virar consultores e indicar os produtos a outras pessoas e instituições, recebendo um percentual de participação em novas vendas e podendo juntar recursos para montar ou ampliar seu próprio sistema fotovoltaico.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, o fundador e CEO da companhia, Alexandre Sperafico, destacou a forma de negócio “fora do padrão” da empresa e a dinâmica do mercado geração distribuída mesmo em meio ao agravamento da pandemia, prevendo um segundo semestre ainda mais aquecido que o início do ano, que para ele já foi bem melhor do que em 2020, quando foram 15 MW instalados. Para 2021, a previsão é dobrar de tamanho e chegar a até 50 MW em projetos com foco nos segmentos residencial e comercial, descentralizando o consumo das usinas tradicionais.

“Criamos uma plataforma digital onde o consumidor tem a opção de indicar produtos e receber bonificações por replicar a ideia em diante para cada novo usuário. Assim nosso próprio cliente passa a ser nosso revendedor”, explica o executivo e ex-piloto da Fórmula Indy, afirmando que a companhia trabalha majoritariamente com vendas diretas mas concebeu o novo sistema para acelerar a transição ao uso de energia renovável, oferecendo inclusive um treinamento aos interessados.

Sperafico: Estamos pagando para as pessoas replicarem a ideia de acelerar a transição energética

A ideia do modo Transition é que os consumidores possam ir adquirindo os painéis conforme suas condições financeiras até chegar ao valor dos dez módulos mínimos e potência de 3,45 kWp para a instalação pela empresa, o que no final das contas chega a um montante de até R$ 23 mil, com o primeiro módulo saindo a R$ 2.995 e os outros tendo uma regressão progressiva no preço conforme as compras avançam. Os usuários também participam de um pool nas cinco usinas de aluguel, recebendo uma pequena compensação nos ativos enquanto os produtos não são retirados, cerca de R$ 20 por mês.

Para ilustrar o potencial que esse tipo de estratégia pode ter, Sperafico lembrou do caso recente de um consultor que tinha comprado apenas um módulo e indicou um sistema de 2,5 MW, ganhando mais de R$ 100 mil de comissão. “Há oportunidades de todos os tamanhos a partir da participação e difusão da fonte solar no Brasil de uma forma mais rápida. Estamos pagando para as pessoas abrirem a boca”, pontua.

Com uma capacidade atual instalada de 25 MW em capitais regionais e cidades interioranas de 18 estados brasileiros, a Enerzee atende a todo o território nacional com uma rede de manutenção e instalação “in loco”, e apesar de ter nascido em Cuiabá (MT), onde 40 colaboradores gerenciam atualmente as obras, possui escritório central também em São Paulo, além de unidades em Curitiba (PR), Toledo (PR) e Fortaleza (CE).

Atualmente a empresa conta com mais de mil consultores cadastrados, com 580 tendo efetivado a compra de pelo menos um módulo. Nos últimos meses mais um plano de vendas foi criado, o Business, visto que muitos interessados queriam ser consultores sem necessariamente realizar uma compra. Assim, a partir de R$ 299, passam a ter acesso a toda plataforma, sistema de propostas e a parte do Ensino à Distância (EAD) sobre vendas e a tecnologia, que será colocado no ar em breve.

“Nosso propósito é evoluir a habilidade em melhorar a vida das pessoas, oferecendo sair da dependência econômica de energias antigas, caras e poluentes, podendo o cliente se tornar um novo empreendedor no setor”, comenta Sperafico, que ingressou no mercado de energia elétrica em 2016 após largas as pistas de corrida e voltar dos Estados Unidos para o Brasil, onde a família trabalha com agronegócio.

Empresa tem 24 MW instalados e deve dobrar capacidade entre usinas de aluguel e painéis sob medida

Ao migrar uma das unidades para o mercado livre e instalar os primeiros painéis solares em sua casa em Cuiabá (MT), que conta também com uma cozinha totalmente eletrificada, percebeu uma demanda reprimida no Mato Grosso para a tecnologia, com poucos fornecedores.

No mesmo ano começou a pensar no desenvolvimento do projeto para no final de 2018 aplicar cerca de R$ 2 milhões e lançar a Enerzee praticamente como uma startup, sentindo o mercado aquecido, com mais usuários aderindo e conhecendo a tecnologia, além de começar a construção das primeiras usinas para aluguel, contando com cinco atualmente e somando 1 MW, pretendendo ampliar essa marca para até 10 MW.

No ano seguinte a sua criação a empresa firmou uma importante parceria com a Weg, para ser um parceiro oficial da fabricante, trabalhando apenas com seus produtos, o que é tido como um diferencial no mercado. “Fomos considerados o maior integrador do Centro-Oeste, atingindo um dos maiores patamares de energia solar dentro da Weg, consolidando nossa atuação”, salienta.

Para 2021, a Enerzee trabalha para expandir sua presença para fora do seu estado de origem, planejando investir até R$ 10 milhões e buscar investidores para angariar mais recursos dentro da atual estrutura, que ainda não é muito robusta, mas conta com profissionais sênior, com mais de 30 anos no mercado de energia.

“Temos também parcerias com algumas empresas e pessoas físicas, que trabalham no setor e possuem potenciais hidráulicos, que gostam de investir nesse mercado e não necessariamente construir novos ativos, buscando por soluções de redução de custo em que a GD atende”, relata Sperafico.

Projeto executado em concessionária da Fiat no MT; objetivo em 2021 é expandir atuação fora do estado

Power to Change

Dentro de suas diretrizes de democratizar o acesso à energia renovável, um case interessante da companhia é o projeto social Power to Change, criado para a doação de sistemas solares a instituições sem fins lucrativos, com a primeira ação no ano passado beneficiando o Hospital do Câncer, Lar de Idosos, AACC AACD e GRAACC do Mato Grosso com 31 kV de potência e gerando cerca de R$ 3.700 reais por mês de economia. Considerando a vida útil de 25 anos do sistema, seria como uma doação de R$ 1 milhão nesse período.

“O Power to Change foi pensado caso a empresa tivesse sucesso, devolvendo 1% das vendas para sistemas destinados a pessoas menos favorecidas, em geral crianças e idosos”, resume o CEO, informando que o potencial a ser doado irá aumentar para até 60 kV devido ao aumento no número de vendas nesse ano, com mais de 100 contratos firmados.

Nesse momento estão sendo definidas as instituições que serão atendidas em 2021 para além de Cuiabá e do Mato Grosso, baseando-se nas cidades que tiveram as melhores performances, como nos estados do Mato Grosso do Sul, Bahia, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo, Piauí e Paraná, além de um grande sistema tracker de 1 MW em Rondônia, dentro de uma algodoeira. “A ideia é impactar e deixar um legado”, complementa.

Veículos e cozinha elétrica

Além da fonte solar, o próximo passo para a Enerzee é o desenvolvimento do mercado para carros elétricos e cozinha eletrificada, prospectando estudos e parcerias para desenvolver negócios nesses segmentos no futuro. “Somos um canal de informação também e queremos ser uma plataforma onde iremos embutir todas soluções em nosso portfólio”, reforça o executivo.

Enerzee patrocina o piloto Lucas di Grassi na Formula E, firmando parceria também com a Audi para o futuro

Segundo ele, a parceira Weg está investindo bastante no mercado de inteligência artificial, carregadores veiculares e eletrificação dos transportes de forma geral, lançando na próxima semana uma linha nova e-Mob, o que deixa a Enerzee cada vez mais atenta e conectada a essa expertise da fabricante, delineando já um projeto para baterias do tipo power rolls para se tornarem nobreaks residenciais, funcionando como um gerador.

“Não é à toa que temos uma parceria e patrocinamos o piloto Lucas di Grassi, da Audi, em que temos algum tipo de acesso com a empresa para futuros projetos diferenciados, costurando esse futuro”, ressaltou Sperafico, dizendo que realiza o campo de testes tecnológicos em sua própria vida, tendo uma cozinha sem gás, gerando a própria energia e circulando com um carro elétrico.

“Devemos impulsionar a venda desses carregadores e propagar cada vez mais a mobilidade elétrica, que devem crescer muito em 2022”, finaliza.