Com recordes positivos em seu último resultado financeiro e progredindo em sua política de governança, a elétrica Copel volta suas atenções agora para a aquisição de ativos maiores e em avançar na fonte solar com novos projetos em áreas onde já possui parques eólicos instalados, aproveitando infraestrutura e outras sinergias, informou o diretor de desenvolvimento de negócios da companhia, Cássio Santana da Silva.
“A fonte fotovoltaica é de fato uma fronteira que precisamos avançar mais rapidamente e esses ativos estão entre os prioritários em nossa análise, que parte de utilizar o footprint eólico para usinas mistas”, disse o executivo durante apresentação no Copel Day nesta quarta-feira, 24 de março.
A estatal paranaense inaugurou esse mês uma planta de 5 MW mas quer iniciativas com porte superior a 100 MW para a fonte e usinas hidrelétricas, e num mínimo de 150 MW para eólicas, buscando a formação de novos clusters na modalidade brownfield, mas sem deixar de avaliar outras oportunidades com obras ainda não iniciadas, como nos certames regulados do setor.
“Temos um foco definido, mas o mapeamento é claro caso exista uma hidrelétrica interessante, assim como uma linha de transmissão ou outra tecnologia. Temos projetos para todos leilões, especialmente no de transmissão no final do ano”, comentou Cássio.
Sobre o assunto, o presidente da companhia, Daniel Slaviero, afirmou que parcerias são bem vindas, como no caso de estruturações financeiras com o FIP e outras iniciativas mais criativas que estão chegando, ou ainda numa área que eventualmente a empresa não domine, mas primando sempre em ter o controle societário do negócio.
“Vamos olhar a baixa alavancagem e estrutura de capital e tomar medidas para a disciplina de caixa, através de uma política de dividendos equilibrada. O desafio é que as mudanças perdurem para a próxima gestão”, avaliou Slaviero sob a perspectiva financeira, anunciando para abril a distribuição de R$ 2,5 bilhões em dividendos aos acionistas, a maior operação do tipo já realizada pela empresa.
Mercado livre – Outro destaque nas apresentações do dia foi a atuação no ambiente de contratação livre, que cresceu 160% nos últimos quatro anos e transacionou em janeiro desse ano cerca de 2.300 MW médios, aproximadamente de 3% de todo market share nacional, com atuação já em 22 estados do país.
Segundo o diretor geral da Copel Mercado Livre, Franklin Kelly Miguel, a expectativa é se consolidar nas primeiras posições do mercado, com margens adequadas e competitivas, almejando melhorias no processo e em aproveitar o desconto ainda concedido no fio, até que as regras sejam alteradas.
“Os leilões que realizamos nos colocaram em outro patamar, com EBITDA de 3 dígitos e agora vamos repetir essa estratégia do ano passado, contratando solar e eólica a partir de 2023 em contratos de longo prazo, aproveitando o período de transição para adquirir energia e renovar o contrato com os clientes nesse movimento de migração”, relata, afirmando que irá atender mais a consumidores varejistas, buscando sempre a simplificação do processo.
Na sua visão, a redução do requisito da demanda para 500 kV em 2023, além da abertura até a baixa tensão, vai trazer outro modelo de negócio para a comercialização, com a redução do consumo médio, com demandas menores de shoppings, hotéis e supermercados.
“Margens apertadas e tíquete médio pequeno é a combinação de desafios no momento, então não tem saída, precisamos transformar a Copel, digitalizar todos os processos e focar nos clientes”, pontua, citando a implantação de uma nova gestão de relacionamento nesse ano, um novo sistema próprio de processos para criação de produtos novos e regras de contrato sem a mudança no código fonte, o que é indispensável para um mercado que muda a todo momento.
Franklin também afirmou que a empresa trabalha para iniciar a comercialização de certificados I-REC a partir desse ano, sentindo uma demanda muito grande do mercado e admitiu conversas avançadas com a CCEE para aplicação de blockchain em novos negócios. “Queremos ser os precursores na utilização dessa tecnologia num item sensível ao setor, que é segurança de mercado”, finaliza.