Após concluir a venda de sua participação na Light, a Cemig empenha-se agora em avaliar a alienação de sua parte no capital social da Taesa, numa decisão que ainda não foi tomada, mas que deve acontecer devido ao planejamento estratégico da companhia, que prevê novos desinvestimentos para priorizar a partir desse ano às áreas de geração, transmissão, distribuição e venda de energia em sua concessão.

Em teleconferência ao mercado nessa segunda-feira, 29 de março, o presidente da estatal mineira, Reynaldo Passanezi Filho, admitiu que espera que o processo de venda das ações na transmissora seja finalizado ainda em 2021, podendo obter alguns ganhos econômicos, e que apesar de ter sido um investimento bem sucedido, deixou de ser em outros casos.

“Esperamos que a venda saia esse ano, mas pode ser feita depois também, visto que qualquer desinvestimento numa participação grande tem que ser muito bem analisada. É uma visão que estamos anunciando”, comentou, ressaltando que os estudos foram iniciados pela área técnica e jurídica para levantamento dos modelos e alternativas.

A despeito de casos positivos, o executivo disse que o modelo de diversificação e de sócios e minoritários destruiu muito valor da Cemig nos últimos dez anos, e que se algo for feito nesse sentido será para ser controlador.

Segundo ele, a estratégia de voltar ao mercado tradicional é um elemento que irá se juntar a retomada do Capex nos negócios e concessões, a enfrentar o tema da demanda reprimida e a retomada em projetos de geração e transmissão nas fontes eólica e solar, assumindo atitudes de risco para vender energia a nível varejista.

Passanezi também destacou a nova cultura organizacional, muito mais orientada atualmente por lógicas de empresas privadas para os processos de tomada de decisão, ajudando a avançar na gestão da dívida com a alocação de capital e sinergias em áreas que a companhia tem amplo conhecimento.

Outro ponto abordado foram os esforços no tema da digitalização. “Estamos trabalhando muito para sair de uma área de vulnerabilidade para sistemas de mercado comprovados, que irão ajudar a atender ao cliente e reduzir o Opex”, pontuou.

Greenfileds para o mercado livre

Quanto aos investimentos, o presidente reiterou que a pandemia não afetou o plano da empresa em buscar projetos do tipo greenfield para o mercado livre de energia, oferecendo a capacidade de engenharia e comercialização, mas sem descartar avaliação de novas fusões ou aquisições.

Por sua vez, o diretor da Cemig Comercialização, Dimas Costa, afirmou que a companhia pretende direcionar grande parte dos aportes para a modalidade de autoprodução, que tem tido uma demanda grande por parte dos clientes, e que outras para fins de financiamento serão garantidas pela empresa com um contrato de longo prazo – PPA.

“Para autoprodução posso cobrar um pouco mais pois divido o ganho do benefício com o cliente, mas nosso target, seja de greenfiled ou compra de energia, está girando entre 115 MWh e 185 MWh paras as fontes renováveis”, informa Dimas, após ser perguntado sobre a estimativa de preço para um contrato de 10 anos em energia incentivada.