A indicação de Rodrigo Limp para a presidência da Eletrobras foi avaliada pela agência de classificação de risco Moody’s como um ‘crédito negativo’ para a governança da estatal. De acordo com a agência, a escolha de Limp mostra interferência política nos planos de sucessão da empresa anunciados, já que Limp não havia sido recomendado pelo consultor independente envolvido na busca pelo novo CEO após a saída de Wilson Ferreira Junior.

Segundo a agência, os conselheiros da empresa concordaram por unanimidade em contratar uma empresa de consultoria externa para auxiliar no processo de substituição, considerando os requisitos profissionais e técnicos da posição executiva. No entanto, Limp, que foi indicado pelo governo e aprovado pela maioria do conselho, não fez parte do processo de recrutamento. Após o anúncio de Limp, veio a renúncia do conselheiro e coordenador do comitê estatutário de auditoria e risco, Mauro Gentile Rodrigues Cunha, que manifestou publicamente sua oposição à anulação do processo de governança relacionado ao plano de sucessão.

Para a Moody’s, Limp atende aos requisitos legais e técnicos para o cargo de acordo com a legislação. Ele também foi avaliado e recomendado pelo comitê de pessoal interno, elegibilidade, sucessão e remuneração da Eletrobras. Ainda de acordo com a agência, a mudança tem o potencial de trazer um foco maior para as questões regulatórias da empresa, uma vez que Limp é ex-funcionário do governo com estreitos vínculos com a presidência. Além disso, a indicação de Limp poderia também ser um sinal do compromisso do governo com a agenda de privatizações. A participação de 51% seria diluída para transformar a Eletrobras em uma corporação, onde seu estatuto seria alterado para restringir a até 10% a representação de quaisquer acionistas.