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O mundo vem falando em termos globais da expansão da fonte solar. Um levantamento da Agência Internacional de Energias Renováveis aponta que globalmente houve um aumento recorde em 2020. A geração fotovoltaica é um dos destaques. Por aqui, a expectativa da Aneel, somente considerando as usinas contratadas, é de que cerca de metade dos 13 GW que devem entrar em operação comercial é de usinas solares fotovoltaicas. Além disso, o segmento continua a expansão na modalidade geração distribuída.
Esse tamanho de mercado abre perspectivas em diversos segmentos da economia, um deles é o da reciclagem de painéis. Em um primeiro momento, de menor porte, mas que tende a crescer exponencialmente. Com essa visão, conta Leonardo Duarte, surgiu a Sunr, empresa que ele fundou com foco na desmontagem dos equipamentos e destinação do material a outros segmentos da indústria, uma vez que o país conta apenas com unidades industriais atuando como montadoras.
Apesar do mercado solar fotovoltaico ainda ser novo, a demanda por reciclagem dos equipamentos vem aumentando. Isso porque há uma parcela dos equipamentos que são descartados diretamente. Seja por conta de problemas de montagem, de produção, acidentes que inviabilizam seu uso. “Não é necessário esperarmos pelo menos 15 anos de uso desses equipamentos. Há cerca de 7% a 8% dos paineis que são descartados antes desse período”, disse ele à Agência CanalEnergia.
A reciclagem é feita de forma mecânica. A empresa possui uma unidade de desmontagem em Vinhedo (SP). Mas recolhe o material em todo o país. O foco inicial estava nos paineis apenas, mas, contou ele, o cliente quer uma solução única e por isso passaram a retirar também os inversores, transformadores, fixadores, entre outros materiais. Mas estes, contou ele, são repassados a parceiros.
O trabalho começa com a cotação do interessado. O custo de transporte é repassado ao cliente e o restante fica com a Sunr. O trabalho envolve a desmontagem manual ao separar vidro, aço e o sanduíche de materiais como silício e cobre, que são triturados e separados para a venda a diversas empresas que necessitam de um material com um alto grau de pureza, de 95% a 99%. Não há cobrança pelo serviço de desmontagem, apenas pelo transporte.
Duarte, CEO da Sunr, explica que a demanda estimada no Brasil atualmente é de 500 toneladas. A companhia que ele comanda já mapeou cerca de 300 toneladas. Mas o potencial é de 500 mil toneladas no futuro, um volume que poderá ser alcançado daqui a 15 anos.
Atualmente, a fonte do material está concentrada em Minas Gerais, depois Ceará, Tocantins e Pernambuco. O foco está em grandes usinas solares, que apresentam as grandes demandas por reciclagem. A Sunr inclusive já começa a se preparar para aumentar sua escala de reciclagem. A empresa conversa para assumir um espaço em Mauá (SP) para receber mais paineis que elevará sua capacidade de desmontagem a 3,8 mil toneladas.
Mas lembra que ainda é necessário que as empresas sejam conscientes e destinem corretamente os materiais dessas usinas. Não é todo mundo que descarta de forma adequada. A empresa estima que um grande volume de materiais ainda não chega à recicladora de paineis. Mas acredita que a situação deverá ser revertida com a expansão desse mercado uma vez que a atividade já está contemplada até mesmo no PNE 2050. “É um tema que está no radar do setor e faz parte da conscientização ambiental”, finalizou.