Apesar de não correr risco de falta de energia no Brasil em 2021, estresse hídrico nos reservatórios das principais hidrelétricas do Brasil deve manter o preço da energia alto esse ano. Essa tendência de escassez hídrica para geração está exigindo uma gestão de risco dos consumidores que já começam a migrar para fontes complementares.

Segundo especialistas ouvidos durante a Agenda Setorial 2021, essa é uma tendência que persiste há pelo menos 10 anos. Esse cenário hidrológico desfavorável, está forçando o país a acionar usinas termelétricas para complementar a geração de energia.

O consultor e meteorologista da Climatempo, Filipe Pungirum, lembra que atualmente o Brasil vive uma condição de estiagem parecida com a de 2014, porém hoje o país tem sistema mais robusto que impede um risco de escassez. A previsão para 2021 é de chuvas abaixo da média histórica.

“Percebemos que para a América do Sul, os períodos chuvosos serão menores e mais concentrados períodos de secas mais intensos, ou seja, teremos mais eventos extremos. Essa tendência precisa estar no planejamento”.

O presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mario Menel, lembra que o Brasil tem recursos que afastam o risco de falta de energia e a carga não está crescendo na velocidade que se espera. Entretanto, foi autorizado o despacho de 15GW médios de energia térmica, fator que impacta diretamente a formação do preço, principalmente para o mercado cativo.

“Isso é uma preocupação também da indústria. Há uma tendência de alta e precisamos pensar medidas para conter esses custos. Esse é um dos motivos de os autoprodutores de energia estarem olhando para as eólicas como alternativas”.

No entanto, a expansão do sistema por meio de fontes complementares é uma preocupação do executivo. “Em caso de queda, como recompor o sistema só com eólicas?”, questiona.

Crescimento em fontes complementares
Essa tendência de um padrão hidrológico pior está afetando as decisões de investimento do setor. Essa percepção de risco abre espaço no longo prazo para a expansão da eólica e solar ao lado de térmicas menos poluentes.

No longo prazo, as eólicas e solares tendem a dar segurança ao sistema ao lado de térmicas menos poluentes. Já há uma forte demanda de players interessados em investir no Brasil.

“O Brasil foi o terceiro país do mundo que mais instalou energia eólica no mundo e para os próximos 5 anos, espera-se a entrada de quase 12 GW de eólicas”, diz Sandro Yamamoto, Diretor Técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).