De olho no mercado da transição energética, a fornecedora de soluções para geração Wärtsilä observa as movimentações do setor elétrico brasileiro. A empresa, que atua na geração térmica e quer crescer 10% este ano, vê no Brasil um processo que já foi deflagrado em outros mercados do mundo, de forte inserção das renováveis. De acordo com o presidente da empresa no Brasil, Jorge Alcaide, esse caminho verde vai exigir soluções que comportem as oscilações que eólicas e solares trarão. “Sabemos que que o sol vai nascer de manhã e vai se por. Mas a gente não sabe se daqui a cinco minutos estará ventando ou se daqui a cinco minutos vai passar uma nuvem em cima do Parque Solar”, explica.

Ele conta que a empresa está trazendo ao país uma solução especifica para a transição e que poderá ser usada no leilão de capacidade que será realizado este ano pelo governo. É a versão atualizada do motor 34SG Balancer, que atua como uma espécie de seguro das renováveis no sistema, entrando em ação quando as fontes ficam intermitentes. Segundo Alcaide, o produto é dimensionado para ligar e desligar muitas vezes, na variabilidade do sistema. Esse motor funciona de forma remota, com streaming de dados 24 horas por dia, sete dias por semana, e gerenciamento dinâmico de energia. “Estamos nos preparando de forma a tentar ter o seguro mais competitivo que um sistema elétrico pode precisar”, avisa.

Segundo Alcaide, o motor é adaptado para essa nova realidade dos mercados de energia, com grande inserção de energias renováveis. O desenho das plantas foi redesenhado de modo a reduzir o preço e se tornarem mais competitivas. As máquinas podem funcionar também com biogás, metano sintético ou misturas de hidrogênio. Para ele, a entrada das renováveis vai exigir que o sistema tenha partida rápida, eficiência e custo competitivo. O executivo elogiou o planejamento feito pela Empresa de Pesquisa Energética, que identificou a necessidade e idealizou o leilão de capacidade.

Como o leilão de capacidade já vem sendo anunciado há algum tempo, as conversas entre a Wärtsila e as empresas já acontece e as soluções já vem sendo apresentadas. Mas como as regras do certame ainda não foram divulgadas, os entendimentos demoram a avançar. “Falta um arcabouço regulatório ainda do leilão que não está disponível. Mas os nossos clientes entendem que a Wärtsila tem um papel fundamental nesses mercados de balanceamento de renováveis”, ressalta.

Na América Latina, o Brasil continua com posição de relevância para a empresa. O leilão e a baixa de reservatórios e o acionamento de usinas térmicas trazem mais perspectivas de receitas esse ano, o que consolida a posição no país. Em 2019, a Wärtsila já havia feio uma reestruturação no Brasil mirando as oportunidades que viriam com o crescimento das renováveis no país. No ano passado, ela acertou a conversão para gás natural e ampliação da UTE Ponta Negra (AM – 85 MW), movida a diesel.