A EDP fechou o primeiro trimestre do ano com lucro líquido de R$ 496 milhões, crescimento de 82,9% na comparação anual. A companhia divulgou seus resultados financeiros na noite da última quarta-feira, 12 de maio, mostrando alta de 50,1% no EBITDA, com pouco mais de R$ 1 bilhão, e receita líquida somando R$ 165 milhões em relação aos primeiros meses de 2020, atingindo R$ 3,4 bilhões.

Além dos esforços para mitigar os impactos da pandemia, o período foi marcado pelo início da gestão de João Marques da Cruz como CEO no Brasil, executivo que atuava como conselheiro de administração da empresa desde 2015. O Capex ficou em R$ 523,6 milhões, saltando 164,7%, enquanto a dívida líquida totaliza R$ 6,8 bilhões, acréscimo de 11,7%.

O volume de energia distribuída teve incremento de 4,4%, resultante das elevadas temperaturas registradas no período, decorrente do baixo volume de precipitação, além da expansão no número de clientes. A concessão em São Paulo manteve o índice de 8,6% em perdas, enquanto a EDP Espírito Santo melhorou um pouco, indo de 13,4% para 13,1%.

A companhia anunciou um plano estratégico para os próximos cinco anos, prevendo investimento de R$ 10 bilhões nos principais segmentos de atuação. No total, cerca de 90% será destinado para as áreas de Distribuição e Geração Solar, sendo complementado pela Transmissão.

Mais solar, menos hidrelétricas

O primeiro trimestre marcou a aquisição da AES Inova, uma plataforma de investimento em geração distribuída, com um aporte total de R$ 177 milhões. Com a operação, a EDP ampliou em 50% o tamanho de sua carteira de projetos fotovoltaicos, adicionando quase 34 MWp por meio de ativos localizados no Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Outro movimento foi a compra de 40% do capital votante da Blue Sol Participações, através de sua controlada EDP Ventures Brasil.

Na teleconferência na manhã desta quinta-feira, 13 , o CEO da empresa, João Marques da Cruz, disse que está sondando o mercado para vender pelo menos três de suas seis hidrelétricas no Brasil diante do cenário desfavorável causado pelos baixos níveis dos reservatórios e poucas chuvas no último período úmido, o que tem pressionado os preços no mercado spot e uma consequente estratégia de reduzir a exposição em empreendimentos hídricos.

“Não é que as usinas não sejam boas, mas precisamos ajustar o risco num cenário estrutural de menos chuva e impressionantemente mais seco”, explicou João Marques da Cruz.

Já o Diretor Vice-Presidente de Geração e Comercialização, Luiz Otávio, afirmou que a empresa fez quatro movimentos no portfólio nesse ano de acordo com o agravamento da crise hídrica e utilizou mecanismos de hedge em 2020 para se proteger dos riscos com as oscilações de preço, garantindo o cumprimento dos contratos nesse ano sem precisar comprar mais energia.

“Fizemos um modelo de sazonalização considerando o atraso de chuvas de janeiro e há uma cobertura que julguemos que seja suficiente para esse ano, considerando o aprofundamento do GSF e aumento no PLD”, avalia.

Otávio ponderou que apesar do momento difícil e previsão de preços acima de R$ 200/MWh no meio do ano, a companhia tem usinas bem alocadas no Sudeste, numa taxa de 24% de hedge, e destacando que a UHE São Manuel (MT/PA- 700 MW) teve uma parte de sua produção vendida para terceiros no mercado livre, gerando uma nova fonte de receita.

Além desta UHE, a EDP também detém a operação das usinas Jari (392,95 MW – AP), Cachoeira Caldeirão (219 MW – AP), Mascarenhas (198 MW – ES), Peixe Angical (498,7 MW – TO) e Lajeado (902,5 MW – TO), as três últimas escolhidas entre as dez melhores hidrelétricas do Brasil segundo critérios da Aneel.