A modelagem das restrições operativas da UHE Belo Monte (PA, 11.233 MW) está no foco das atenções do ONS e da CCEE. As duas entidades divulgaram que estão trabalhando no aprimoramento dessa representação no modelo Dessem, que segundo agentes do setor, vem trazendo distorções nos valores da energia. O foco está, principalmente, diante dos resultados observados do Custo Marginal de Operação e do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) desde o dia 10 de maio.
Em nota conjunta, as instituições afirmaram que avaliações conduzidas constataram a possibilidade de que a atual restrição de taxa de variação de defluência da UHE Pimental, associada aos desvios de previsão de afluências, tenha causado algum impacto sobre a política de geração da UHE Belo Monte e sobre o CMO/PLD estabelecidos pelo modelo computacional Dessem. Esse impacto acabou sendo notado na atualização diária no modelo do valor praticado de vazão defluente no Trecho de Vazão Reduzida (TVR) do dia anterior como condição inicial para o dia subsequente.
“O ONS e a CCEE estão investindo esforços no intuito de aprimorar a modelagem desta restrição e nova comunicação será realizada após a definição de alguma alteração de processo. Além disso, qualquer aprimoramento que for realizado deverá respeitar a previsibilidade de ao menos trinta dias, conforme estabelecido no art. 3º da Resolução CNPE n. 7/2016”, aponta a nota.
E afirmam ainda que não foi detectado nenhum erro nos cálculos que se enquadre nas hipóteses listadas na Resolução Normativa Aneel nº 843/2019, que trata da inserção de dados, código fonte ou representação de componente do sistema. Para as entidades, não há evidências de impropriedades da ferramenta da previsão de vazão ou da sistemática de atualização da restrição hidráulica.
Agentes do segmento de comercialização cobraram um aprimoramento urgente na modelagem do TVR de Belo Monte. Em uma comunicação enviara à Aneel, à qual a Agência CanalEnergia teve acesso, indica que esse problema ocorreu pela primeira vez no final de março. Apenas nesse dia, o problema resultou em uma distorção de 193% no preço da energia.
O problema está na incompatibilidade temporal quanto à representação de dois parâmetros do modelo. O primeiro é a previsão de vazão que está em base semanal. O segundo está na restrição de vazão defluente da UHE Pimental que ocorre em base diária.
Essa questão, aponta que quanto maior for a afluência diária na usina, maior será o vertimento no TVR, menor será a geração na usina de Belo Monte e maior será o preço. De acordo com a comunicação apresentada pela associação do setor, seja avaliada a colocação dos dados de entrada, atualização da previsão de afluências e TVR, em uma mesma base temporal. Para isso, poderia ser utilizada a defluência da última meia hora proposta pelo modelo dessem para o chamado D+1.