A Perfin e a Servtec fecharam uma parceria que resultou na Mercury Renew que tem como foco atuar na geração solar fotovoltaica centralizada. Os planos são ambiciosos, a companhia já nasce com a meta de implantar 2 GW até 2025, um aporte, que se confirmado somará cerca de R$ 5,5 bilhões. Mas o pipeline é bem mais extenso, cerca de 17 GW, resultado da parceria com a Solatio, por meio da qual a Mercury tem a preferência por analisar os projetos se são interessantes para entrarem em seu portfolio antes de serem oferecidos ao mercado.
De início são cinco projetos em desenvolvimento. O maior deles, Helio Valgas, em Várzea de Palma (MG), conta com um contrato de compra e venda de energia (PPA) assinado com a Liasa, uma das maiores produtoras de silício metálico do mundo. O projeto é de 650 MWp, com investimento de R$ 1,7 bilhão e início da operação previsto para 2023. De acordo com o CEO da Mercury Renew, Pedro Fiúza, as obras desse projeto devem ser iniciadas no final deste ano.
O contrato com a Liasa, de 20 anos de suprimento de energia, é na modalidade de autoprodução, dando à empresa a possibilidade de se tornar sócia do empreendimento futuramente. Os demais projetos são Bom Nome (PE), com 130 MWp, Várzea de Palma (MG), com 120 MWp, Paracatu (MG), com 275 MWp e Castilho (SP), com 270 MWp, todos com previsão de operação entre 2022 e 2024. O primeiro dos cinco empreendimentos está localizado em Pernambuco, cujas obras já foram iniciadas em abril.
O foco da empresa, conta Fiúza, é o de atender ao mercado livre. Por essa razão, a maior parte dos projetos localizados no Sudeste. Esse é um dos importantes diferenciais em relação à energia eólica, cujo potencial de exploração se encontra predominantemente no Nordeste brasileiro.
“Há uma avenida de oportunidades no mercado livre com a continuidade da migração de novos consumidores e no interesse pela energia renovável e isso está ligado à agenda ESG que tem sido prioritária para muitas empresas e grandes investidores”, relaciona Fiúza em entrevista à Agência CanalEnergia.
Nessa parceria, a Servtec entrou com a parte operacional, a empresa é do fundo Perfin FIP Mercury. E o foco está no mercado livre por meio de projetos de geração centralizada. “A meta é esse mercado para termos competitividade. Temos as competências e conhecimento para atuar nesse campo que é diferente do que se tem no mercado de geração distribuída”, comenta. “O arcabouço técnico e regulatório é muito diferente entre os dois ambientes”, ressalta.
Segundo Fiúza, o planejamento para o lançamento da empresa não foram abreviados em decorrência do fim dos subsídios que consta na Lei 14.120. Até porque, lembra, a Mercury Renew começou a ser planejada dois anos atrás. “Do nosso lado não houve alteração ou aceleração de planos, nossa estratégia foi mantida”, assegura o executivo que é sócio da Servtec, tradicional empresa do setor elétrico.
Expansão
Diante do acordo de preferência assinado com a Solatio, a carteira teórica de projetos da Mercury Renew é de 17 GW. A expectativa, disse Fiúza, é de não parar nos 2 GW inicialmente projetados. Ele classificou esse como o primeiro estágio da implantação do portfólio de geração com base em PPAs ou autoprodução. Mas, lembra que o ritmo de implantação está atrelado diretamente ao desenvolvimento da economia.
“O portfólio está sendo dimensionado em função das oportunidades comerciais de mercado, estamos atuando em muitas frentes com clientes que nos permite implantar 2 GW até 2025”, diz ele. “Já estamos olhando para o pós-2025 com a manutenção de nosso esforço comercial e esse volume que colocamos nos primeiros quatro anos é conservador, iniciamos agora não olhando para 15 a 20 anos, mas sim colocando em andamento o que está planejado para esse primeiro momento”, acrescenta.
Dentro dessa visão, continua o executivo, a Mercury Renew poderia optar por adquirir todo o portfolio que a Solatio oferecer. São projetos desenvolvidos onde a empresa internaliza, avança com o projeto básico, escolha do equipamento e a operação.
Contudo, lembra que é direito de preferência. “Enquanto tivermos disposição de investir e implantar vamos analisar, não é obrigação”, pontua. Mas, diz que o otimismo é grande, pois a agenda ESG traz perspectivas interessantes para a companhia que buscam energia limpa. Ele garante que a companhia tem conseguido oferecer preços competitivos e com alto grau de confiabilidade, características que clientes buscam com um fornecedor desse insumo básico.
“Desenhamos a empresa para o longo prazo e não ficaremos apenas nos empreendimentos que somam 2 GW”, finaliza.