Um relatório divulgado pelo GWEC nesta terça-feira, 1 de junho, conclui que a indústria eólica precisará treinar mais de 480 mil pessoas nos próximos cinco anos para atender à demanda do mercado global. Somente no Brasil são 3.737 profissionais para sustentar a instalação programada de 9,7 GW adicionais de eólica onshore até 2025. O estudo foi conduzido em parceria com a Global Wind Organization (GWO) e com o Renewables Consulting Group (RCG).
Segundo a publicação, disponível para download em inglês, essa tarefa não deve ser um problema para o país, que além de liderar o crescimento da energia do vento na América Latina, está na dianteira nas Américas em crescimento de novos centros de treinamento certificados e também no volume de trabalhadores sendo treinados.
Em 2020, esse mercado cresceu 101% e 13 prestadores de treinamento certificados formaram uma força de trabalho de mais de 5.500 pessoas, segundo o documento.
O relatório chama a atenção também para o nascimento do mercado eólico offshore no Brasil, que pode ter seu primeiro projeto de demonstração ainda na primeira metade desta década, com a efetiva entrada no mercado esperada para 2027. Os cálculos do estudo não levam em conta uma demanda de treinamento nessa modalidade.
As instituições reforçam que o treinamento padronizado global é fundamental para garantir a saúde e a segurança da força de trabalho e salvaguardar a sustentabilidade da indústria eólica e a licença para operar na transição energética. Não estão incluídos nessa conta empregos gerados em aquisições, fabricação (o segmento mais intensivo em mão de obra) e transporte, por exemplo.
Atualmente, o mercado de treinamento da GWO, considerado o padrão global para treinamento da força de trabalho eólica, tem a capacidade de suportar a qualificação de 200 mil trabalhadores até o final de 2022.
O relatório conclui que esse ritmo de treinamento pode não ser suficiente para formar outros 280 mil trabalhadores necessários para instalar os 490 GW previstos de nova capacidade de energia eólica que entrará em funcionamento nos próximos cinco anos. Dos 480 mil trabalhadores necessários em todo o mundo, 308 mil serão empregados para construir e manter projetos onshore e os demais 172 mil para offshore.
Mais de 70% da nova demanda global de treinamento de mão-de-obra virá dos 10 mercados analisados no relatório: Brasil, China, Japão, Índia, México, Marrocos, Arábia Saudita, África do Sul, Estados Unidos e Vietnã.
Para Ben Backwell, CEO da GWEC, os países precisam se preparar agora para garantir a força de trabalho do futuro. E lembra que se houver ampliação na implantação de novos projetos as necessidades de treinamento da força de trabalho serão muito maiores do que as encontradas neste relatório.
Por sua vez, Jakob Lau Holst, CEO da GWO destaca que há um discurso sobre quanto em potência instalada de energia eólica precisaremos para alcançar o zero líquido, mas não há muita discussão sobre a força de trabalho necessária para a realização desses projetos.
Segundo Ed Maxwell, diretor do RCG, em mercados grandes como a China e os EUA, o aumento da capacidade de treinamento pode proporcionar novas oportunidades de trabalho e aumentar a produtividade através do reconhecimento dos padrões.