Vinte e três governos do mundo, entre eles o Brasil, lançaram nesta quarta-feira, 2 de junho, coletivamente planos para impulsionar o investimento global em pesquisa, desenvolvimento e inovação em energia limpa. O anúncio foi feito pela Mission Innovation 2.0, que reúne governos do mundo para acordar processos destinados a acelerar a inovação de energia limpa a fim de superar os desafios climáticos de limitar o aquecimento global abaixo de 2 graus Celsius, em comparação com os níveis pré-industriais.
A iniciativa global para acelerar a inovação pública e privada de energia limpa tem como objetivo tornar a energia limpa acessível e acelerar as ações para atender as metas do Acordo de Paris. Os membros que ratificaram o acordo são responsáveis por mais de 90% do investimento público global em inovação em energia limpa.
Em uma Declaração Conjunta lançando a Mission Innovation 2.0, ministros de Energia, Pesquisa e Ciência representando 22 países e a Comissão Europeia (em nome da União Europeia) declararam: “Como muitos governos e empresas em todo o mundo continuam se comprometendo com metas climáticas ambiciosas e a alcançar emissões líquidas zero, a necessidade de inovação nunca foi maior ou mais urgente. Para alcançar o Acordo de Paris, todos os setores da economia precisam de acesso a soluções de energia limpa e econômicas nesta década. ”
Para o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a Mission Innovation 2.0 está desempenhando um papel crucial na aceleração das soluções para enfrentar a ruptura climática. “Devemos reduzir as emissões globais em 45% até 2030 dos níveis de 2010 e alcançar zero emissões até 2050 e, para isso, devemos agir rapidamente”.
O diretor executivo da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol, acrescenta que sem uma cooperação internacional mais forte em inovação em energia limpa, poderia décadas mais para o mundo atingir emissões líquidas zero. “O Roteiro Global da AIE para a Net Zero até 2050 mostra que, até meados do século, quase metade das reduções nas emissões de CO2 precisarão vir de tecnologias que estão atualmente em fase de demonstração ou protótipo. Isso significa que grandes esforços de inovação são necessários até 2030 para trazer essas novas tecnologias ao mercado a tempo e dimensioná-las nas próximas décadas.
O anúncio conta ainda com o apoio de outras lideranças mundiais comprometidas nas questões climáticas, como Sebastián Piñera, presidente do Chile; John Kerry, enviado presidencial especial dos EUA para o clima; Alok Sharma, presidente da COP26 para o Reino Unido; Jonah Goldman, diretor administrativo da Breakthrough Energy; Patrick Child, Diretor-Geral Adjunto de Pesquisa e Inovação da Comissão Europeia e Presidente do Comitê Diretor de Inovação da Missão.
Mission Innovation é uma iniciativa global para acelerar a inovação em energia limpa
Brasil no tabuleiro de mudanças climáticas
O Brasil entra nesse processo como um importante membro, já que possui a matriz energética mais verde entre as grandes economias e mais de 80% da matriz elétrica é composta por energias renováveis. Entretanto, o país pode melhorar suas ações, investindo em tecnologias disruptivas e se comprometeu a melhoria na governança é a Resolução nº 2 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), de fevereiro de 2021, que estabelece diretrizes para a priorização de P&D em áreas estratégicas, como hidrogênio, biocombustíveis, armazenamento de energia, transformação digital e outras.
Para o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, o que estamos assistindo na área global de combate às emissões de gases de efeito estufa são iniciativas de aprimoramento de tecnologias ou a possibilidade cultura de uso de tecnologia limpa em substituição as matrizes baseadas em combustíveis fósseis.
“Essas iniciativas devem ocorrer de imediato no sentido de impedir continuidade da emissão de gases de efeito estufa, ou seja, a coragem de governos vai se refletir na sua capacidade de determinar uma data final para que se cessem as emissões de gases de efeito estufa, principalmente decorrentes da queima de petróleo”.
Governos envolvidos: Áustria, Austrália, Brasil, Canadá, Chile, China, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, República da Coreia, Marrocos, Holanda, Noruega, Arábia Saudita, Suécia, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos Reino Unido, Estados Unidos da América e Comissão Europeia (em nome da União Europeia).