O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, garantiu em entrevista à CNN Brasil que não há risco de racionamento de energia. Ele também descartou que os problemas da crise hídrica estejam relacionados ao planejamento do setor, que em sua avaliação está correto.
Albuquerque disse na noite desta terça-feira, 1º de junho, que até por conta da crise é necessário preservar os reservatórios das usinas, para que eles possam operar de forma adequada. Informou que o governo está trabalhando em medidas para chegar ao fim do ano com reserva de potência e entrar no período úmido, que começa em outubro, em melhores condições.
Todas as medidas, segundo ele, estão sendo consideradas para enfrentar o momento atual, e é preciso evitar que o país tenha picos de demanda, que podem ocorrer com a chegada do verão no fim do ano. “Por isso vamos chegar lá com reserva de potência, e não vamos ter possibilidade de apagão.”
Sobre a conversa que teve com Pedro Parente, que coordenou o comitê de crise durante o racionamento de 2001, ele disse que discutiu o assunto não apenas com o executivo, mas também com técnicos que conduziram a crise de 2014/2015. “Nós debatemos com eles, e, para minha satisfação, tanto os técnicos quanto o ministro Parente ficaram muito satisfeitos com as medidas adotadas a partir de outubro [de 2020].”
Para Albuquerque, a situação hoje é completamente diferente de 2001, 2014 e 2015. Em 2001 existia um dependência muito grande de hidrelétricas e não havia linhas de transmissão suficientes para transportar a energia entre as regiões.
Ele lembrou que a matriz de geração está sofrendo transformações. Há 20 anos, o pais dependia em cerca de 90% da geração hidrelétrica. Em 2014 e 2015, quando também passou por uma crise resultante da falta de chuvas, esse percentual era de 78%, e hoje é de 65%. Nesse período, a matriz se manteve renovável, com cerca de 85% do total, e a expansão que aconteceu nos últimos cinco anos foi principalmente de fontes como eólica e solar.
Albuquerque reforçou ainda que a situação de atendimento ao Sistema Interligado Nacional é acompanhada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico 365 dias por ano e 24 horas por dia, para garantir a segurança energética do país com a geração de menor custo. Ele disse que o governo se reúne com todos os agentes do setor elétrico e outros atores, e que nessa questão da crise hídrica é importante também a participação da Agência Nacional de Águas, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e de outros agentes que podem contribuir para que o pais atravesse esse período com maior tranquilidade.
Também descartou qualquer relação do apagão registrado na semana passada em cidades do centro-sul do país com a crise hidrológica. Lembrou que o que houve foi uma ocorrência em parte de uma linha de transmissão que traz energia de Belo Monte para o Sudeste e Centro Oeste, na qual “5% dos consumidores ficaram sem energia durante 5 minutos.” O incidente com a linha da Belo Monte Transmissora de Energia provocou, na verdade, desligamento de pouco mais de 20 minutos nas áreas atendidas por várias distribuidoras, em razão do acionamento do Esquema Regional de Alivio de Carga (Erac).