O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico reforçou em reunião mensal realizada nesta terça-feira, 2 de junho, a importância de flexibilizar as restrições hidráulicas das usinas Jupiá, Porto Primavera, Ilha Solteira, Três Irmãos, Xingó, Furnas e Mascarenhas de Moraes, para preservar a água dos reservatórios e garantir a segurança e continuidade do suprimento de energia no período seco. A mesma avaliação já tinha sido feita em reunião extraordinária do comitê na semana passada, quando o agravamento da crise hídrica foi colocado com todas as letras pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico.

De acordo com o CMSE, “permanece o cenário de atenção quanto às condições de atendimento, com predominância de baixos armazenamentos nos reservatórios das usinas hidrelétricas e sem a perspectiva de volumes significativos de chuva no curto prazo.”  Em maio, choveu abaixo da média histórica nas bacias hidrográficas de interesse do Sistema Interligado Nacional, e a água que chega aos reservatórios está abaixo dos valores médios históricos, no pior desempenho para o mês de maio do histórico de 91 anos.

Com isso, os níveis de armazenamento ficaram em 32,2% no Sudeste/Centro-Oeste; em 57,2% no Sul, em 63,6% no Nordeste e em 84,5% no Norte. Para o fim de junho, os reservatórios devem atingir 28,8% (SE/CO), 69,8% (S), 54,2% (NE) e 83,3% (NE) da energia máxima armazenada.

Em nota divulgada pelo Ministério de Minas e Energia, o CMSE informou que foram discutidas as ações e avaliações em curso para garantir a disponibilidade de recursos energéticos para o SIN, inclusive em articulação com instituições não participantes do setor elétrico. A expectativa, segundo o comunicado, é de que medidas possam ser implementadas de acordo com a necessidade.

A reunião de ontem teve a participação de representantes do Ministério Público Federal, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, além dos integrantes do CMSE.

A ANA, que será peça chave na gestão da crise, publicou à noite, em edição extra do Diário Oficial da União, Declaração de Situação Crítica de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos na região hidrográfica do Paraná, até 30 de novembro de 2021. A medida é inédita e tem como objetivo assegurar os usos múltiplos da água nesse período.

Expansão 

A nota destacou ainda a expansão da capacidade de geração de energia elétrica no pais, especialmente nos últimos cinco anos, quando a oferta cresceu 36,5 GW, com 88% de fontes renováveis. O destaque ficou com as fontes eólica e solar centralizada, mas hidrelétricas a fio d`água tiveram participação importante, com cerca de 45%. Esses números são resultantes de contratações que já tinham sido feitas em leilões regulados.

A tendência de crescimento das renováveis deve se manter nos próximos anos.  São mais de 40 GW de capacidade instalada com operação prevista até 2026,  72% são de usinas eólicas e solar fotovoltaicas.