A KPMG realizou um levantamento analisando os quatro padrões de retomada dos 40 principais setores da economia brasileira após um ano de início da pandemia da covid-19. Segundo o estudo, o setor de energia elétrica avançou do estágio “reiniciar” identificado no início das ações de restrições do governo, quando foi realizada primeira edição do relatório, para “transformar para emergir”. Nessa etapa, estão as indústrias e empresas que se recuperarão, mas ao longo de um caminho prolongado, exigindo reservas de capital para resistir e transformar modelos operacionais e de negócio.
A sócia líder do setor elétrico da KPMG, Franceli Jodas, analisa que com o início das medidas de restrições da Covid-19, as distribuidoras foram impactadas, mas a ação rápida do governo para apoiar as distribuidoras evitou que esses impactos atingissem toda a cadeia, poupando os agentes de transmissão e geração do ambiente regulado. Para ela, um ano depois da última pesquisa, o cenário é diferente, o consumo de energia retomou os índices históricos e mudanças estruturais no marco regulatório têm sido criadas não apenas para corrigir deficiências do modelo, mas para possibilitar a inserção de novas tecnologias e garantir a segurança e a modernização do setor elétrico.
Entre as tendências para o setor apontadas pelo estudo na nova edição estão as seguintes: avanço regulatório em prol da transição energética e a modernização do setor; aceleração da implantação de empreendimentos renováveis com a utilização dos subsídios; definições regulatórias e impacto cambial como drivers da expansão da GD; avanço no processo de privatização; práticas ESG impulsionando ainda mais as energias renováveis; segurança cibernética como pauta prioritária; sofisticação da gestão dos processos de comercialização e amadurecimento gradual do mercado de derivativos; maior atenção aos ativos de transmissão; e maior atenção ao impacto de mudança do regime de chuvas sobre a produção de energia hidrelétrica.
Já com relação à nova realidade do setor, o relatório apontou sete tópicos prioritários. Novos modelos de negócio, vinculados à abertura e expansão do mercado livre; transformação de modelos operacionais, com foco na digitalização, automação e uso analítico de dados; mudanças de hábitos dos consumidores com foco na eficiência energética e consumo de energia sustentável; Estratégia Lean nas estruturas dos agentes, sobretudo nas grandes geradoras que passam por modernizações de ativos; Mudança de perfil dos colaboradores, com profissionais mais analíticos, com visão de mercado e atendimento ao cliente; Novas estruturas de capital com a menor dependência dos bancos de fomento e oportunidades de investimentos em ativos renováveis, em alinhamento com a transição energética global e Gestão de riscos com uma crescente preocupação com riscos cibernéticos, de negócio e de mercado.
O relatório da KPMG indica quatro padrões de retomada para os setores. De acordo com a pesquisa, podem ser consideradas em processo de crescimento, as indústrias e empresas que escalam o pós covid-19 com o comportamento do consumidor favoravelmente alterado durante a crise. Já no retorno ao normal, essas organizações são vistas como essenciais. O terceiro estágio é o “transformar para emergir”. Por fim, em reiniciar, as organizações lutam para se recuperar da covid-19 devido à demanda permanentemente reduzida por ofertas, capital insuficiente para evitar recessão prolongada ou má execução da transformação digital.