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A PSR classifica a situação para o suprimento energético deste ano como preocupante, mas ainda não é alarmante. Em sua avaliação o Brasil possui alternativas para gerenciar a atual crise hídrica, assim como já fez em um passado recente, que apresentou por situações complexas e similares. Para o suprimento de 2022 a consultoria diz que a situação pode mudar e que por isso ainda é cedo para se avaliar esse ponto, apesar da ‘luz amarela’ ter sido acionada quanto ao suprimento para o próximo biênio.

Essa é a fotografia do atual momento do país e que está na edição de maio da publicação Energy Report que traz a análise de suprimento e ponta para 2021 utilizando o SDDP, desenvolvido pela companhia e aplicado em seus estudos do sistema brasileiro. Em termos metodológicos, esse modelo representa de maneira integrada as funcionalidades da cadeia de modelos Newave, Decomp e Dessem, utilizados pelo ONS.

O resultado das simulações realizadas pela PSR é apresentado em dois cenários (conservador e estresse) mostram o Sudeste/ Centro-Oeste com níveis mais pressionados. Tal é o ponto que o cenário conservador no maior submercado está em um nível mais baixo que o de estresse nos demais. A expectativa atual é de que no SE/CO os níveis de armazenamento fiquem em até 21% no mês de novembro podendo chegar a 10%, no mais pessimista. No Sul está o segundo menor nível projetado. No cenário estresse o nível no final do período seco deste ano aponta 30% de energia armazenada. O mais elevado está no Norte com 56%.

O resultado da simulação mostra que não foram registrados cortes de energia ou de potência em qualquer uma das duas análises de sensibilidade. Essa foi a mesma constatação quanto a violações da reserva operativa horária para o cenário conservador. Já o de estresse apresentou algumas violações de reserva, porém não corte de carga. E ainda, indicou que as metas mínimas de energia armazenada ao final de outubro de 2021 foram atingidas de maneira “apertada” para os sistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul e “folgada” nos outros dois submercados.

Na metodologia para calcular o cenário conservador preservou algumas informações do PMO de maio como demanda a nível horário, cronograma de entrada e manutenção dos equipamentos de geração e transmissão, restrições de transmissão e restrições de uso múltiplo. Após o cálculo da política operativa estocástica, utilizou-se para a simulação de maio a dezembro de 2021 as vazões observadas nos mesmos meses em 2020.

No de estresse foram adotadas como premissas que as afluências em 2021 são 90% das afluências de 2020 e que a demanda de maio a dezembro é 3% superior à do caso anterior. As demais informações são as mesmas do futuro conservador.

O CMO ficou descolado entre os dois blocos de submercados, denotando que os limites de transmissão foram alcançados. E isto, continua a PSR, leva à sugestão de que medidas adicionais para melhorar as condições de suprimento devem ser tomadas pelo lado da oferta.

Cita além do despacho fora da ordem de mérito e importação de energia da Argentina e Uruguai, outras ações. Entre elas: leilões de emergência para contratar energia de usinas já disponíveis como a biomassa e até óleo combustível, flexibilização de limites de intercâmbio de energia entre as regiões e também de usinas hidrelétricas para que possam operar mais próximas de seus limites técnicos. E ainda a flexibilização do uso múltiplo das águas.

“Apesar do custo extra, essas medidas podem ser implementadas rapidamente, dentro de um processo que demandará muito boa governança para a tomada de decisões. A PSR está analisando o efeito dessas medidas, assim como o montante e o tempo de implementação, sendo que os resultados serão apresentados em uma edição futura”, descreve a consultoria em sua publicação.

Mas há ações pelo lado da demanda também. O primeiro é o de acelerar o projeto de Resposta da Demanda, acionamento permanente da bandeira tarifária vermelha no patamar 2, bem como realizar campanhas de esclarecimento sobre a crise atual e incentivar uso mais consciente. “Os efeitos das medidas de redução de consumo são mais difíceis de ser estimados pois dependem da disposição dos consumidores para aderir aos programas. E qualquer forma, a PSR está realizando análises sobre a resposta da demanda, que apresentaremos em uma edição futura”, acrescenta.

Para a consultoria, há dois pilares básicos em que as autoridades devem se basear. A primeira é a necessidade da boa governança e a segunda é estabelecer comunicação firme e transparente junto à sociedade amparada em estudos técnicos. Até porque, as ações que serão necessárias já estão mapeadas e algumas até anunciadas. Na análise da empresa, a constituição de salas e gabinetes de crise é um passo correto e considerado importante.

Na gestão de crises aponta ser mais indicado olhar a situação no país a 2017 do que com 2001 por conta da matriz de geração disponível. E neste contexto diz que os maiores aprendizados foram: as medidas operativas duras que exploraram as flexibilidades do sistema, como redução da vazão mínima e aumento da capacidade de transmissão, bem como, a importância da boa governança, comunicação e coordenação das ações.

2022 e além

Para a PSR ainda é cedo para falar sobre as condições de suprimento para o ano que vem. Até porque, há pelo menos duas razões, a primeira é a incerteza sobre como serão os períodos hidrológicos seco e úmido deste ano e do próximo. E a depender de como virão existe a possibilidade de recuperação dos reservatórios. Lembrou  a situação vivenciada pelo Nordeste que em 2017 chegou a 5% dos seus reservatórios em novembro e abril do ano seguinte já registrava 41%.

A segunda razão é o portfólio de novas capacidades que entram em operação em 2022. A Agência CanalEnergia vem reportando nos balanços mensais da Aneel, são quase 11 GW de potência, desses, 9,2 GW das fontes solar e eólica, e isso, lembra a PSR, sem contar a GD solar.

E olhando no longo prazo avalia que essa crise deve deixar aprendizados com ações para o futuro, listando entre elas o aperfeiçoamento da modelagem estocástica das afluências, incluindo efeito da mudança climática e a dinâmica dos modelos chuva-vazão, incluir a resiliência do sistema a eventos severos nos critérios de planejamento, representar de forma coerente a aversão ao risco do ONS e da sociedade nos modelos de otimização de despacho, representar em mais detalhe o efeito do nível dos reservatórios no suprimento de potência e incrementar a granularidade das simulações nos estudos de planejamento.