O Brasil atingiu a marca histórica de 9 GW de potência operacional em usinas fotovoltaicas de grande porte e pequenos e médios sistemas instalados em telhados, fachadas e terrenos, informa um levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), indicando que a fonte trouxe mais de R$ 46 bilhões em investimentos e 270 mil empregos ao país.

Segundo análise da Associação, o avanço da energia solar via leilões para grandes centrais ou pela geração própria em residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos é fundamental para reduzir o chamado “custo Brasil”, trazendo mais competitividade e ajudando a reduzir a ocorrência das bandeiras vermelhas na conta de luz, além de diversificar o suprimento.

O segmento centralizado conta com 3,3 GW de potência instalada em usinas, equivalente a 1,9% da matriz elétrica brasileira, sendo em 2019 a tecnologia mais competitiva entre as fontes renováveis nos dois Leilões de Energia Nova, A-4 e A-6, com preços-médios abaixo dos US$ 21,00/MWh.

Atualmente esses empreendimentos respondem pela sétima maior fonte de geração do país, com ativos em operação em nove estados brasileiros, nas regiões Nordeste (Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte), Sudeste (Minas Gerais e São Paulo) e Centro-Oeste (Tocantins), em aportes que ultrapassam R$ 18 bilhões.

Ao somar as capacidades instaladas das grandes usinas e da geração própria, a solar ocupa o sexto lugar na matriz nacional, atrás das hidrelétricas, eólicas, biomassa, termelétricas a gás natural e a diesel, além de outros combustíveis fósseis. Representa também mais do que a somatória de toda a potência instalada de térmicas a carvão e usinas nucleares, totalizando 5,6 GW.

Na autoprodução são 5,7 GW equivalente a mais de R$ 28 bilhões em investimentos acumulados desde 2012 e espalhados pelas cinco regiões do Brasil, liderando com folga o segmento. Segundo a entidade, a criação de um marco legal para a geração própria, conforme proposto no Projeto de Lei nº 5.829/2019, de autoria do deputado federal Silas Câmara e relatoria do deputado federal Lafayette de Andrada, em curso na Câmara do Deputados, é prioridade no cenário atual.

O presidente da Associação, Rodrigo Sauaia, destacou o estudo Integração de Fontes Renováveis Variáveis na Matriz Elétrica do Brasil, que contou com a participação do MME, EPE, ONS e a entidade do governo alemão Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), comprovando ser possível ampliar a participação das fontes solar e eólica em mais de quatro vezes na matriz elétrica nacional.

Para ele, a pesquisa desbancou o velho mito de que o país dependeria de UTEs para dar suporte ao crescimento das renováveis, apontando que o equilíbrio do sistema quando há variações nos ventos e no sol é fornecido em especial pelas hidrelétricas e não pelas termelétricas fósseis.

“A evolução da matriz depende mais de vontade e liderança política do que de condições técnicas e econômicas”, avalia o executivo, afirmando que o setor fotovoltaico pode trazer mais de R$ 139 bilhões em investimentos e gerar mais de 1 milhão de novos empregos ao Brasil até 2050 com o marco legal proposto pelo PL nº 5.829/2019.

“Os benefícios da modalidade somam mais de R$ 173 bilhões no período, com a redução de custos no uso de térmicas e redução de perdas elétricas, responsáveis pelos aumentos tarifários na conta de luz e pelas emissões de poluentes e gases de efeito estufa”, conclui Sauaia.