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Estudo elaborado pelo Instituto Escolhas concluiu que a usinas térmicas a gás ficariam economicamente inviáveis caso os custos ambientais dos empreendimentos fossem incluídos. O estudo foi baseado nos próprios modelos usados pelos investidores para avaliação financeira dos projetos para leilões. De acordo com Larissa Rodrigues, gerente de Projetos e Produtos do Escolhas, a inclusão dos custos deixa a taxa de retorno zerada. “Esse é um resultado inédito, essa conta nunca havia sido feita. Quando incluiu os custos ambientais que não são incluídos hoje em dia, as usinas térmicas não têm taxa de retorno para o investidor, são inviáveis”, explica.

A análise traz a visão real da rentabilidade das usinas para que os investimentos sejam priorizados sem onerar o consumidor nem as próximas gerações. Foram adotados os mesmos modelos econômico-financeiros usados pelo mercado e incluídos em seus fluxos de caixa os custos dos impactos ambientais de usinas hidrelétricas na Amazônia, termelétricas a gás natural e à óleo combustível, eólicas e solares fotovoltaicas e avaliada a nova rentabilidade financeira dos projetos.

Os custos principais a que o estudo do Escolhas se refere são emissões de gases de efeito estufa e de uso da água nas térmicas. Segundo a pesquisadora do Escolhas, hoje esses gastos são tratados como externalidades e são pagos de forma distribuída pela sociedade, não pelo investidor do empreendimento. Ela conta que a discussão sobre a água vem em boa hora, já que o país passa por uma crise hídrica as térmicas a gás usam água para funcionarem. As térmicas de Pecém usam água suficiente para abastecer uma cidade de 600 mil habitantes. Segundo Larissa Rodrigues, o estudo precificou o uso da água. “Quando colocamos o preço na água ela é tratada como insumo. Hoje isso não existe, a água não tem custo e aí chega em uma situação de emergência hídrica em que tem uma disputa enorme pelo uso da água”, avisa.

Mas o estudo do Instituto Escolhas não atestou a inviabilidade econômica apenas das térmicas a gás. As hidrelétricas na região da Amazônia- considerada a última fronteira energética do país – também ficariam pouco atrativas para o investidor. O retorno médio cairia de uma taxa média de 8% para 5%. “O projeto ainda pode ser viável, mas quando estamos falando do mundo do investidor, em que ele investe no que dá mais retorno, provavelmente ela não vai ser viabilizada”, observa.

A inviabilidade com a inclusão de custos ambientais não alcança as usinas eólicas e solares. De acordo com o estudo, a taxa de retorno nos empreendimentos dessas fontes é pouco afetada. A taxa média dos projetos cai de 8% para pouco acima de 7%. “Mostra que vai ser um investimento atrativo para o investidor”, avisa.

Considerando que a sociedade está pagando pelas UTEs duas vezes, uma pelo custo do combustível e outra pelos custos ambientais, a gerente do Escolhas sugere a ampliação da expansão com renováveis, usando eólica, solar e biomassa. Ela ressalta que a biomassa também é uma térmica, podendo ter o mesmo papel das movidas a gás

O estudo projeta que a participação dessas fontes na matriz, que hoje está em 19%, pode chegar a 44% sem que haja ônus ao consumidor. Para ela, a intermitência das renováveis não é mais um subterfúgio, uma vez que já existem dados suficientes para planejar o regime de chuvas e a recuperação dos reservatórios, em conjunto com as recursos eólicos, de maneira a moldar a expansão.