A cogeração em operação comercial no Brasil teve um incremento de 115,3 MW em maio deste ano entre duas novas usinas mato-grossenses: Novo Milênio (12 MW), da Agropecuária Novo Milênio, utilizando bagaço de cana-de-açúcar, e a Onça Pintada (50 MW), da Eldorado Brasil Celulose, a partir de resíduos de madeira como combustível, informa o levantamento mensal da Associação da Indústria da Cogeração de Energia (Cogen).
O quadro é completado pelas ampliações de 52,3 MW em unidades já existentes, sendo 25 MW da UTE Usina Sonora (MS), da Sonora Estância; 20 MW da UTE Rio Vermelho (SP), da Glencane; 1,43 da Usina Asja Jaboatão (PE), da Asja e 5,89 MW da Biogás Bonfim (SP), de posse da Raízen. Os dois primeiros ativos operam a bagaço de cana e as duas seguintes são movidas a biogás.
A atividade conta com 627 usinas e chega a 19,01 GW de potência instalada total no Brasil, o que corresponde a mais de 10,8% matriz elétrica nacional (175,7 GW). Do montante ofertado 62,4% vem da biomassa da cana-de-açúcar, com gás natural ocupando uma fatia de 16,6%. Em terceiro está o licor negro (subproduto do processo de tratamento químico da indústria de papel e celulose), com 14%, com outras fontes completando esse panorama.
No ranking por unidades da federação, São Paulo lidera a lista com 249 usinas e 6.940 MW instalados, perfazendo 36% do total nacional. Em segundo está o Mato Grosso do Sul, com 28 usinas e 1.891 MW instalados, correspondendo a 9,4% do País. Na sequência, Minas Gerais aparece com 65 usinas, 1.740 MW instalados e 8,9% do total.
Já entre os cinco setores industriais que mais usam a cogeração estão o Sucroenergético (11.893 MW), Papel e Celulose (2.515 MW), Petroquímico (2.275 MW), Madeireiro (766 MW) e Alimentos e Bebidas (624 MW).
Biomassa pode aliviar hidrelétricas
O presidente executivo da Cogen, Newton Duarte, destacou que diante das dificuldades e escassez nos reservatórios das hidrelétricas, um estudo feito junto aos associados identificou que pelo menos 100 empreendimentos a biomassa poderiam exportar mais energia para o sistema e contribuir para mitigar o deplecionamento dos reservatórios na região.
“A produção adicional poderia atingir 1.800 GWh já neste ano e 3.500 GWh para o ano que vem, podendo gerar o equivalente e a um hidrelétrica de 800 MW”, afirma Duarte, informando que foi à Brasília apresentar o levantamento ao governo.
Segundo ele, a complementariedade às hidrelétricas é justamente uma das importantes características do bagaço da cana, visto a produção das usinas acontecer justamente no período seco, entre abril e novembro, e a cogeração a partir da cana de açúcar tem ajudado a economizar 15 pontos percentuais do nível dos reservatórios hídricos do subsistema Sudeste/Centro-Oeste.