O impacto previsto para a geração térmica neste ano é estimado em R$ 9 bilhões. O custo adicional deverá levar a um aumento de 5% na tarifa de energia no ano que vem. Essa é a estimativa do diretor geração da Agência Nacional de Energia Elétrica, André Pepitone, durante a audiência em Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados para debater a atual crise hídrica. Somente de janeiro a abril deste ano o custo ficou em R$ 4,3 bilhões. Os demais R$ 4,7 bilhões são calculados para o período de maio ao final de novembro.
O executivo disse que entre as ações que a agência reguladora vem tomando está o contato com os empreendedores para verificar a possibilidade de antecipação de obras para dispor de mais capacidade de geração no país. No âmbito do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, lembrou ele, a Aneel está envolvida em seis segmentos de nove ações no grupo.
Ele destacou a busca por despacho das chamadas usinas Merchant, ou seja, aquelas que não possuem CCEARs. Cita as térmicas de Uruguaiana, Termonorte, Araucária, Cuiabá e William Arjona. Bem como, a operação das usinas a GNL Porto do Sergipe e a GNA I que são as mais recentes térmicas de grande porte a serem incorporadas ao SIN.
Pepitone citou ainda a busca pela redução do impacto da manutenção recém-anunciada pela Petrobras na Rota 1 do gás natural do pré-sal e da plataforma de Mexilhão a unidade produtora. E ainda, a flexibilização de limites de transmissão e ações pelo lado da demanda.
“Estamos aliados ao governo e agindo na oferta da energia pedindo para antecipar obras e na demanda estruturando campanha de comunicação para o uso racional de água e energia, assim como foi feito em 2015 e 2017. Outra ação, é buscar medida para o consumo industrial fora do horário de pico”, comentou ele na audiência.
Quanto à parada da plataforma de Mexilhão, o diretor geral da ANP, Rodolfo Saboia, comentou nessa mesma audiência que a agência reguladora acompanhará a parada que ocorre em agosto. Ele disse que é necessária para garantir segurança da operação e o volume será compensado pela petrolífera por meio da importação de GNL. O combustível será descarregado via terminal Rio de Janeiro que amentará sua capacidade de 20 para 30 milhões de metros cúbicos ao dia, mediante autorização da ANP. E ressaltou que o papel da autarquia não está diretamente ligada à crise, e sim por meio de ações acessórias de forma não é ativa nesse caso.
Revisão da bandeira
Ainda na audiência Pepitone foi questionado quanto à revisão dos valores das bandeiras para 2021, que estaria na casa de 20%, índice da consulta pública. Ele disse que essa é uma ação corrente que ocorre todos os anos nesse período. E o elevado aumento deve-se à situação já que o país terá que dispor de mais térmicas.
“Se não fossem as bandeiras, os consumidores não teriam como saber que a energia está com preço alto e após 12 meses apresentaríamos a conta. Hoje com o pagamento por meio do recolhimento via bandeira foi possível economizar R$ 4 bilhões desde 2015 somente em valores de correção monetária, pois antes esse custo era carregado pelas distribuidoras que recebiam de volta o valor em sua revisão tarifária”, explicou ele.
O diretor geral da Aneel ainda ressaltou que a agência reguladora vem trabalhando para reduzir o impacto desses aumentos ao consumidor. Lembrou que em conjunto ao MME e instituições do setor foi possível atenuar o impacto neste ano que seria de dois dígitos para a casa de 7% a 7,5% de aumento para os consumidores residenciais. Esses números foram apresentados pela primeira vez na edição do Agenda Setorial deste ano, evento realizado pelo Grupo CanalEnergia-Informa Markets no final de abril.