O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou nesta quarta-feira (23), em apresentação na Comissão de Minas e Energia da Câmara, que sem ações adicionais em 2021 para preservar os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste há risco de perda de controle do sistema. Mesmo reforçando que o governo não trabalha com a hipótese de racionamento, ele admitiu que o país pode atingir uma situação muito frágil na questão do suprimento de energia em 2022, com forte dependência do próximo período úmido.
Albuquerque destacou que foram adotadas diversas estratégias para preservar água nos reservatórios de cabeceira, com a flexibilização das restrições hidráulicas e redução das vazões mínimas das usinas. Essa água armazenada deverá ser usada para atendimento da ponta de carga em outubro e novembro, no final do período seco.
O ano de 2020 teve uma carga atípica em razão da pandemia, com o armazenamento nos reservatórios em patamares superiores aos verificados nos últimos anos até agosto. A partir de setembro, no entanto, houve um esvaziamento acentuado das barragens, em consequência do crescimento considerável da carga, temperaturas elevadas e volume de chuvas aquém dos volumes médios históricos.
Para agravar a situação, houve atraso na configuração da estação chuvosa de meados de outubro para meados de dezembro. Em 2021, choveu abaixo da média histórica dos últimos 91 anos em todo os subsistemas.
Já no inicio do período seco, foi feito alerta de emergência hídrica na bacia hidrográfica do rio Paraná, seguida da declaração de escassez hídrica pela Agência Nacional de Águas nas bacias dos rios Paraná, Grande e Paranaíba.
Segundo o ministro, há um plano de ações conjunturais em andamento para garantia da segurança e continuidade do suprimento de energia em 2021 e 2022. Ele inclui o acionamento de geração termelétrica adicional desde outubro de 2020, importação de energia e campanha para uso consciente da água e energia a partir de dezembro do ano passado. Uma portaria do MME prevê o acionamento de térmicas existentes sem contrato e outra a redução das vazões defluentes mínimas das hidrelétricas a partir desse mês.
O governo criou uma sala de situação na Casa Civil para tratar da crise hídrica. Outras ações em andamento ou a serem executadas incluem antecipações de usinas e linhas de transmissão, uso de energia adicional de biomassa, programa voluntário para redução do consumo da indústria nos horários de ponta de carga e intensificação da campanha racionalização.