A EY anunciou o lançamento da 57ª edição do Índice de Atratividade de Países em Energia Renovável (RECAI), que, apesar do cenário econômico impactado pela pandemia, mostra o quanto as metas de meio ambiente, sustentabilidade e governança estão cada vez mais presentes na agenda dos investidores, ao mesmo tempo em que aumenta o interesse deles sobre energias renováveis. Nesta edição, o Brasil subiu quatro posições em relação ao ano anterior e hoje está no 11º lugar, sendo o primeiro colocado da América Latina. Estados Unidos e a China seguem nas primeiras posições, ao mesmo tempo em que o Leste Asiático surge como destino com alto potencial para investimentos.
Produzido desde 2003, o RECAI classifica os 40 principais mercados do mundo em relação à atratividade de seus investimentos em energia renovável, parte fundamental da transição energética, e às oportunidades de implantação. As classificações refletem as avaliações da EY sobre a atratividade e as tendências do mercado global.
Segundo o RECAI, o Brasil tem demonstrado avanços quanto aos planos de implantação de capacidade eólica offshore. No momento atual, o país não possui turbinas na costa, mas Projeto de Lei apresentado ao Congresso em fevereiro indica que, se aprovado, daria abertura ao setor. O país vem debatendo sobre o modelo ideal para o desenvolvimento eólico offshore. Em caso de sanção de um anova lei, exigiria dos desenvolvedores o pagamento de até 5% da produção de energia e outros encargos.
Um Projeto de Lei mais antigo sobre o mesmo tema, já aprovado pelo Senado e hoje debatido na Câmara dos Deputados, propõe a implantação de um sistema baseado por ordem de chegada, sem que haja cobrança de bônus ou aluguel. A expectativa é que os dois projetos sejam combinados quando o mais novo entre eles chegar à Câmara dos Deputados. Para que as expectativas do Brasil se concretizem em relação à energia eólica, será primordial reduzir os custos. Hoje, é necessário seguir regulamentações que obriguem a uma ordem de contratação que combine preço mais baixo com segurança de abastecimento, visando a facilitar o fechamento de novos negócios de energia em uma possível licitação do governo.
Os investimentos em energia renovável cresceram 2% em todo o mundo, saltando para US$ 303,5 bilhões, o segundo maior valor anual registrado até o momento, apesar do impacto da pandemia. O RECAI 57 aponta que, mesmo com números promissores, o desenvolvimento necessário para atingir o valor líquido zero irá exigir um investimento adicional de US$ 5,2 trilhões e destaca o papel que os investidores terão que desempenhar no financiamento da transição energética.
Este cenário configura uma pressão contínua sobre governos e investidores por ações efetivas relacionadas às mudanças climáticas, e que aumenta de acordo com a proximidade da realização da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em novembro, no Reino Unido.
A COP26 é vista por muitos como uma oportunidade de fechar a lacuna entre o que os governos prometeram fazer e o que fizeram até o momento. De acordo com o índice, a política atual e o histórico de promessas dos países líderes do ranking indicam que há um maior compromisso em busca de uma definição mais clara de novas medidas políticas que estimulem o investimento em energias renováveis.