A situação hídrica do país continua a pressionar a situação no SIN. As vazões no mês de junho ficaram em pouco menos de 40 mil MW médios ante uma média de longo termo na casa de 60 mil, o pior volume do histórico para o período. No acumulado de setembro do ano passado até o final deste mês foi verificado um índice de 66% da energia natural afluente, também o pior volume de toda a série de 91 anos.
De acordo com dados apresentados pelo ONS no primeiro dia da reunião para o Programa Mensal da Operação de julho, o armazenamento do submercado SE/CO estava no dia 22 de junho em um patamar 24,1 pontos porcentuais abaixo do registrado nesse mesmo dia do ano passado. O nível nas usinas das bacias dos rios Grande e Paranaíba apresentavam índice semelhante de redução com cerca de 35 p.p. a menos do que 12 meses antes.
Apenas na região Norte é que as vazões aproximam-se da média de longo termo com cerca de 8 mil MW médios. Nos demais submercados a curva de afluências encontra-se em um patamar bem abaixo do histórico. No SE/CO o volume de junho ficou em pouco mais de 20 mil MW médios, o segundo pior de todo o período, o NE o quarto pior com pouco menos de 2 mil MW médios, no Sul o 22º pior com menos de 6 mil MW médios.
A curva das afluências mostra um comportamento similar ao esperado para o período, mas em um patamar muito menor do que é o normal para a época do ano, explicou o ONS.
No geral, a bacia do rio Madeira está em uma condição melhor com afluências em situação dentro da mediana, o que foi classificado pelo Operador como uma situação que traz importantes recursos para o SIN. Mas duas das maiores UHEs do país – Belo Monte (PA, 11.233 MW) e Tucuruí (PA, 8.340 MW) estão com queda nas afluências ao passo que apenas 25% da potência instalada de cada uma está sendo aproveitada.
Nos reservatórios de Itumbiara (GO/MG, 2.082 MW) o operador estima que a partir de julho começa a estancar o deplecionamento do reservatório que chegou à casa de 10%. Em Ilha Solteira (SP/MS, 3.444 MW) e Três Irmãos (SP, 850 MW) o operador sinaliza que será necessário ficar abaixo do nível operativo mínimo de 46%. Em São Simão (GO/MG, 1.710 MW) o nível de armazenamento também está bem abaixo do registrado no ano passado.
Com isso, apontou o ONS, a UHE Itaipu (Brasil/Paraguai, 14.000 MW) é vista como importante para o país passar pelo período seco no atendimento de potência.
Geração térmica
A geração térmica em junho ficou em 16.319 MW médios, desse montante são 3.925 MW médios de geração térmica por garantia energética determinada pelo CMSE que se somava à importação de mais 451 MW médios. No Nordeste continua a elevação da geração eólica que alcançou em junho 7.123 MW médios e a região entra como exportadora de energia a partir do próximo mês.
Falando em geração térmica, o ONS informou que a UTE Porto de Sergipe (SE-1.500 MW) movida a GNL passa por duas atividades de manutenção. A primeira deverá ter seu final antecipado já para 2 de julho. A segunda, por enquanto, continua com término previsto em 20 de setembro. Por isso, a previsão é de que a central geradora só deverá estar totalmente disponível ao SIN em outubro, último mês do período seco.
Outra térmica de grande porte movida a GNL, a GNA I no Rio de Janeiro, continua em testes e a previsão é que estes terminem em julho.
De um total de 21,4 GW de capacidade instalada térmica disponível, o operador terá à disposição cerca de 16,5 GW. Destaque no mês de julho para o retorno de Angra 2 ao SIN, no dia 24 o que trará mais oferta inflexível ao ONS. No SE/CO serão cerca de 7 GW disponíveis a partir do retorna da central termonuclear. No Sul fica na casa de 2 GW, no NE são mais 4,3 GW e no Norte quase toda a capacidade instalada com 3,2 GW.