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Em meio à crise hídrica que limita a produção de energia hidrelétrica no Brasil, sobretudo no Sudeste/Centro-Oeste, maior centro consumidor do país, especialistas vem debatendo as perspectivas, desafios e as medidas até então tomadas pela operação do setor, julgando que a atual folga estrutural da matriz elétrica nacional e o pouco crescimento da demanda limitam a chance de racionamento ou apagão em 2021.

“Não acredito em racionamento mas só conseguiremos evitar se houver um trabalho integrado do Operador e uma resposta da sociedade, porque com o clima não podemos contar”, disse o ex-diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata, durante o webinar Gesel/CanalEnergia na última quarta-feira, 23 de junho.

Barata entende a necessidade de ações extra setoriais principalmente nas restrições dos reservatórios, onde se é obrigado a despachar mais energia do que se precisa, impedindo por vezes a exploração das fontes eólica ou térmica em suas magnitudes, o que ajudaria a reduzir ao máximo o uso das UHEs para recompor o armazenamento.

O engenheiro de formação defende a recomposição dos reservatórios através de recursos renováveis, que além de serem ambientalmente amigáveis estão com preços competitivos, afirmando que estudos da GIZ (Agência Alemã de Cooperação Internacional) mostram que os lagos das hidrelétricas atingiriam níveis de 40% a partir desse processo.

“Temos que atacar a questão conjuntural mas precisamos olhar para as estruturais, que estão mais complicadas a partir das decisões tomadas pelo congresso, no sentido de fazer o planejamento do sistema, que hoje é muito bem feito pela EPE”, avalia, chamando a atenção para novas UTEs e PCHs que estão sendo colocadas em pauta sem um alinhamento com os estudos do setor.

Para ele, o país tem dificuldade em contratar energia nova por um descompasso dos contratos com a realidade, por razões variadas e por não ter realizado as modificações completas no setor. “Hoje se fizermos um novo leilão de energia nova não teremos contratação de volumes consideráveis pelas distribuidoras, pois existem contratos que não estão lastreados nas garantias físicas”, salienta.

O projeto original de 1998 previa uma revisão das garantias das UHEs há cada quatro anos, o que aconteceu apenas uma vez, em 2017. “Somos bons em diagnóstico, mas somos procastinadores nas tomadas de decisões”, lembra, acrescentando que a crise climática irá se agravar nos próximos meses.

Com o modelo atual, inflando as tarifas para os regulados e com preços mais elevados ao mercado livre, a ideia é que o mesmo seja reavaliado em função das mudanças na oferta e demanda ao longo dos últimos dez anos, imprimindo um pensar global e amplo sobre o que é executado hoje, inclusive quanto a revisão dos sistemas computacionais e de dados, algo que ele reitera desde 2016 quando voltou ao ONS.

“A partir do modelo praticado hoje não conseguimos, primeiro porque o ACL contrata o que precisa e o ACR não precisa contratar pelas garantias físicas”, complementa.

Já o ex-secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, Reive Barros, defendeu em sua apresentação a criação de um leilão de capacidade no final do ano com usinas hidráulicas e termelétricas como forma de trazer maior segurança ao sistema no longo prazo e que as medidas tomadas até então pelos órgãos competentes são suficientes para atravessar o período seco.

Outro ponto sugerido pelo atual diretor de Engenharia da Chesf é considerar as térmicas a óleo no nos certames A-6 e no de capacidade mediante a situação crítica, realizando uma prorrogação de contrato para que haja uma transição organizada como a que havia sido preconizada em 2018. “Não existe solução mágica, toda modelagem tem que ser estruturada”, atribui.

Barros também defende as térmicas inflexíveis a 50% para recuperação dos reservatórios hidroelétricos e pela segurança de ter esse tipo de usina firme distribuídas pelos subsistemas, lembrando a importância da base nuclear no Rio de Janeiro. “Com os primeiros contratos vamos acompanhar o comportamento dessas UTEs e dependendo dos resultados nos próximos leilões podemos calibrar se realmente atingimos o objetivo com os reservatórios”, pondera.

Segundo ele, as campanhas para uso eficiente de água e energia tanto do governo quanto da EPE estão muito tímidas, visto que todo desperdício é desnecessário, e que a gestão da demanda, principalmente pela redução voluntária de parte da indústria, seria muito importante na conjuntura atual.

Ademais ele citou o Plano Decenal de Energia 2030, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), cuja previsão é chegar a 236 GW distribuídos por todo o Brasil durante o período, agregando mais 50 GW, sendo 15 GW de gás natural e 22 GW de inércia para o sistema, entre usinas hidráulicas e térmicas.