Após arrematar a CEA (AP) em lance único no leilão de privatização realizado na última sexta-feira, 25 de junho, a Equatorial Energia prometeu atuar com celeridade para alcançar os níveis regulatórios de perdas. A CEA teve os seus limites regulatórios flexibilizados por lei e serão reduzidos ano a ano até 2026. Em teleconferência realizada nesta segunda-feira, 28 de junho, o CEO da Equatorial, Augusto Miranda, não deu prazos, mas deixou claro que esse movimento acontecerá assim que a empresa conseguir um retrato mais nítido da situação da distribuidora. “Acreditamos que vamos acelerar esse turn around“, afirmou.
Atualmente com uma dívida de R$ 3,1 bilhões, o passivo a ser assumido pela Equatorial após a privatização deverá cair para cerca de R$ 800 milhões. A dívida com fornecedores, de R$ 2 bilhões, deverá ser reduzida em R$ 1,5 bilhão ao ser liquidada. Já o empréstimo da RGR deverá ser reduzido de modo integral, restando o passivo tributário e dívidas setoriais, como a da CCEE e Programas de Pesquisa & Desenvolvimento e Eficiência Energética. O passivo da CCEE deverá ser um dos primeiros a ser liquidado e o dos fornecedores terá um pagamento à vista de R$ 250 milhões.
Segundo os executivos da empresa, o volume de investimentos na CEA também deverá crescer, uma vez que há demanda reprimida, o que vai pedir mais capex. Apesar de não prometer valores, o CEO projeta conversas com o governo do estado para direcionamentos. ‘Vai ser um valor muito maior do que vem sendo feito historicamente na empresa”, avisa Miranda.
A distribuidora tem em torno de 50% de perdas de energia, que já está no radar da nova dona da CEA. Um plano está sendo estruturado, incluindo recadastramento de iluminação pública, medição fiscal nos transformadores e a regularização de ligações clandestinas e gambiarras, o que aumentará a base de clientes. Outro ponto destacado foi a forte presença do segmento residencial, que responde por mais da metade do total. Com isso, a regularização de clandestinos aparece como oportunidade de geração de valor.
Na teleconferência, o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Leonardo Lucas, lembrou que a CEA é uma concessão com características diferenciadas. Com 209 mil unidades consumidoras, seu mercado está concentrado em duas cidades, Macapá e Santana. Na comparação com as outras distribuidoras que o grupo possui, a renda e o tíquete médio são superiores. A demanda por energia tem crescido 4,5% ao ano, acima da média do Maranhão e Pará, estados em que a Equatorial atua.
A estrutura de financiamento para os R$ 400 milhões de aporte na CEA já está no caixa da Equatorial. Segundo Tatiana Vasquez, superintendente de estratégia financeira e relações som investidores, a empresa tem diversas fontes de liquidez e recursos para essa operação, que estava prevista com a privatização.
Na teleconferência, o CEO disse ainda que a empresa deverá assumir a CEEE-D (RS) na primeira quinzena de julho. A distribuidora gaúcha foi privatizada em março. Outro ponto destacado foi o interesse em participar do leilão de concessão de saneamento no próprio Amapá, que deverá ser realizado este ano. A Equatorial participou do leilão da Cedae, mas não teve êxito.