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O Brasil está entre os maiores mercados da Siemens Energy no mundo. A companhia, lançada de um spin off da multinacional alemã para atuar no setor energético com o avanço da transição energética, tem em suas operações locais uma expectativa de continuidade de crescimento mais elevado em comparação a outros países. Um dos motivos é a característica do mercado local, a empresa oferece todo o seu portfolio de soluções, seja para o setor elétrico ou de óleo e gás.
“É um mercado muito importante o Brasil, um dos pontos é a dimensão territorial e da economia que é relevante. Absolutamente todos os negócios da Siemens Energy estão aqui, são as renováveis com a eólica e solar forte, transmissão com o sistema interligado e ainda em petróleo, o país é o maior mercado de FPSOs no mundo”, destaca o CEO da companhia André Clark.
Ele não revela números, mas indica que uma base importante para se mensurar a importância do Brasil no portfolio da empresa é o tamanho da economia. Por esse motivo, ele apenas comenta que está entre os 10 maiores do mundo. Nesse critério, os maiores são Estados Unidos e China, mas proporcionalmente ele classifica o país como um dos mais relevantes. A Siemens Energy, conta, está presente em 90 países.
Em entrevista à Agência CanalEnergia, Clark destacou que a empresa foi criada para aproveitar as oportunidades que a transição energética está trazendo e que ele classifica como muito grandes. Principalmente pelas perspectivas de geração eólica e solar, bem como os negócios que derivam dessas modalidades rumo à declarada corrida rumo à descarbonização que empresas e países vêm buscando.
Em suas palavras a Siemens Energy está baseada em dois pilares, a descarbonização e a digitalização. E nesse sentido, diz, o Brasil ainda está ocupando esses espaços abertos pela transição energética, que tem com alicerce as fontes renováveis. Ainda mais nesse momento em que o 5G está chegando, abrindo as portas para aplicações com o uso da Inteligência Artificial. “Comparo a inteligência artificial ao uso do vapor na revolução industrial. É uma nova revolução”, define.
Nesse processo de digitalização a questão da segurança cibernética acaba tendo lugar de destaque. Os equipamentos como turbinas, geradores, transformadores continuam a fazer parte do setor elétrico, mas com o avanço do tráfego de dados a proteção é um item fundamental para a atividade. Até porque, lembra o executivo, ataques virtuais podem vir de qualquer lugar o mundo e com diversos objetivos, alguns econômicos, outros com intenções políticas. No final é o consumidor ou cliente que fica sem o recurso para suas atividades.
Além disso, cita a necessidade cada vez maior de proteção de dados seja pela Lei Geral que rege o assunto e que tem seus equivalentes na Europa, por exemplo, e pelo valor comercial que essas informações têm. “Sabemos que no limite, os dados acabam valendo mais que o produto, um kW quando sobra energia vale zero, já o mesmo kW em momento de pico pode custar R$ 1 mil, os dados são fundamentais”, exemplifica.
O caminho da descarbonização no Brasil tem uma grande relevância que pode extrapolar suas fronteiras. Uma forma é o hidrogênio verde, grande aposta do mercado em geral para viabilizar a energia renovável mesmo onde não há o recurso natural.
Localmente há anúncios já oficializados que podem tornar o país um hub desse produto. Um dos motivos é a competitividade da geração eólica onshore, que, segundo o CEO da Siemens Energy Brasil, é o menor de todo o mundo. Esse fator estimula investimentos locais em busca de produção do hidrogênio verde e sua exportação para outros mercados. A solar também é destacada pelo executivo como um recurso importante no país e cujo custo continuará em queda.
“O Brasil será o grande exportador de hidrogênio verde, seja em amônia ou derivados, o país tem o potencial de reindustrializar-se com essa expansão verde”, projeta o executivo. “Grande parte dos clientes, principalmente os exportadores possuem foco em descarbonizar nessa corrida para o net zero“, acrescenta.
E essa é uma rota que está no foco das empresas porque quem não fizer ficará para trás. Isso porque a sociedade está cada vez mais engajada nessa onda de mitigar os efeitos ao meio ambiente. Ele cita a própria empresa que já tem meta de alcançar a neutralidade em 2030, um objetivo que já foi anunciado há alguns anos.
“Descarbonizar faz sentido do ponto de vista econômico e do ESG”, cita. “Os clientes de nossos clientes querem produtos com dados, querem saber a origem da energia utilizada, por exemplo. É o caso de produto que vem com informação, e isso vale mais”, afirma.
Em linhas gerais, a companhia lançada em outubro de 2020 tem um orçamento global de 1 bilhão de euros para aplicar nessas duas frentes de atuação. A visão da empresa, comenta, é de cocriar com seus clientes, pois as soluções são diferentes. Ele cita que a necessidade de uma mineradora no Pará para descarbonizar suas operações é diferente de uma planta industrial na Baixada Santista (SP).
Além disso, Clark não dá detalhes sobre projetos específicos, mas diz que a Siemens deverá fazer parte de projetos de hidrogênio verde no país. Por enquanto, oficialmente anunciado na América Latina, está apenas uma planta de metanol em parceria com a Porsche no Chile.
“Vamos fazer parte de vários deles [projetos de H2 no Brasil] nosso hub de inovação e desenvolvimento para a América Latina é aqui no Brasil. Vamos comunicar é uma questão de poucos meses”, finaliza.