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A crise hídrica traz um dilema para o governo federal: impacto tarifário ou impacto na economia. Essa é a avaliação do ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética e atual Professor Titular da COPPE-UFRJ, Maurício Tolmasquim. A atual conjuntura é crítica com os níveis de reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste em um volume muito baixo. Mas, ele acredita que o país pode passar por esse momento em decorrência de uma estrutura mais robusta do setor elétrico brasileiro.

“A dúvida que vemos é qual é o menor impacto, um tarifaço com choque de preços que afeta a economia de uma forma ou a restrição de consumo compulsório que também afeta a economia?”, questiona Tolmasquim em entrevista à Agência CanalEnergia. Segundo ele, se houver uma redução do consumo este será bem menor do que o visto em 2001, no máximo entre 3% a 4% ante os 20% de duas décadas atrás.

A explicação é simples, naquele período havia muita ineficiência a ser combatida. Desde então os consumidores em geral reduziram esses espaços e que hoje está bem reduzido na comparação com aquele período. A ação mais emblemática, lembra, foi a troca de lâmpadas que naquela época consumiam muito mais do que as atuais.

Outro fato que Tolmasquim relaciona como diferente de duas décadas atrás é a dimensão do sistema elétrico nacional. Lembra que de setembro de 2020 a maio de 2021 a energia natural afluente ficou 33% menor que a média histórica dos 91 anos de medições.

“Estamos com bons reservatórios no Norte, Sul e Nordeste. Mas o problema está no Sudeste/Centro-Oeste que é onde está nossa grande capacidade de geração hidrelétrica, está muito baixo”, destaca. “Contudo, a situação é distinta entre 2001 e 2021 porque hoje o sistema elétrico é mais resiliente”, aponta.

Ele cita entre outros dados o aumento da capacidade de geração 133% maior quando comparada a 2001. Aumento da diversificação das fontes e redução da participação das UHEs. E ainda, o crescimento da capacidade da transmissão de energia entre os submercados, na rota entre o Sul e o Sudeste foi de 61%, mas o destaque ficou para a interligação entre Norte e o Nordeste com o Sudeste. Hoje, conta, está em 14 vezes mais quando se olha para 2001.

Além de atribuir a situação atual à escassez de chuvas houve um outro erro cometido, o desligamento de térmicas ou não acionamento das centrais que estavam disponíveis para que fosse possível a recuperação dos reservatórios ante a baixa hidrologia. Em suas palavras, a aposta em São Pedro não deu certo. Contudo, admite que entende a consideração feita, pois sempre se procura pelo menor custo para a geração de energia.

Como efeito agora temos que despachar toda a capacidade de térmicas e mesmo assim os reservatórios estão baixando. Segundo Tolmasquim, se o ONS conseguir aplicar todas as manobras que estão sendo planejadas e o reservatório no SE chegar a 10,3% conforme esperado, ainda assim será muito menos do que em 2001, ano do racionamento quando o nível estava em 23% nessa região. Se esse índice for alcançado, destaca que algumas usinas terão dificuldades em operar.

“Mesmo assim, acredito que não tenhamos racionamento, sabemos que há um custo político grande”, destaca. “Com a MP 1055 temos as medidas autorizadas como a eventual vende de energia no horário de ponta, contratação emergencial de capacidade. A conta sairá muito cara e sem a certeza de que o risco estará afastado”, avalia.

Mas diz que dentro das possibilidades do que pode ser feito nesse momento as medidas estão sendo tomadas. De qualquer forma projeta que o sistema elétrico chegará ao final do ano com uma grande dependência do próximo período chuvoso.

Se não acredita no racionamento, Tolmasquim lembra que o país pode não estar imune a apagões e blecautes em horário de ponta, pois com os reservatórios mais baixos há menos potência disponível. Para ele, há um risco, não a certeza de que ocorrerá. Outra preocupação é com possíveis falhas na transmissão uma vez que na busca por maximizar a transferência de energia os ativos ficam mais suscetíveis a desligamentos por conta de flexibilizações.