A CPFL Energia deverá elevar os investimentos na CEEE-T de um patamar de R$ 95 milhões ao ano para algo próximo a R$ 300 milhões. A estimativa da companhia que sagrou-se vencedora é de que os aportes somem R$ 1,5 bilhão em cinco anos. Investimentos esses em modernização de rede e na substituição de equipamentos com vida útil encerrada.

Os números foram informados pelo CEO da CPFL Energia, Gustavo Estrella, em coletiva pós certame no qual a companhia apresentou lance de R$ 2,67 bilhões pelos ativos de transmissão naquele Estado. Segundo o executivo, as sinergias e o conhecimento da região foram pontos que ajudaram na estratégia da empresa de ficar com a empresa.

“Vínhamos nos preparando para esse leilão, é natural que haja sinergias operacionais e temos duas distribuidoras com índices muito bons de qualidade. Então a fórmula é a mesma capacidade de operação e de investimentos”, afirmou ele.

A CPFL Energia assume a CEEE-T em um contrato de concessão que vai até 2042. E com essa aquisição, a companhia passa a controlar pouco mais de 6 mil quilômetros e mais 77 subestações, que somam potência instalada própria de 10,5 mil MVA. Esse foi o maior investimento que a empresa, que tem sede na cidade de Campinas (SP), realizou em transmissão.

Em 2018, o Grupo venceu a disputa pelos lotes 5 e 11 do quarto leilão de transmissão, que compreendem novas subestações e linhas em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Os dois lotes têm investimentos estimados pela Aneel de R$ 715 milhões e foram os primeiros projetos de transmissão do Grupo nos dois estados.

Além desse ativo recém-adquirido a CPFL Energia é responsável pela distribuição de energia em 77% do território do Rio Grande do Sul por meio da RGE, união entre a RGE e a AES Sul, adquirida da AES Corporation ainda em meados de 2016. No segmento de Geração, tem participação nas usinas hidrelétricas Foz do Chapecó, Enercan (Campos Novos), Barra Grande e Ceran (Cia. Energética Rio das Antas), além de operar pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e parques eólicos.

A conclusão da aquisição ainda depende da análise dos documentos pela Comissão de Licitação e das aprovações da Aneel e do Cade. Se todo o processo correr dentro dos prazos previstos pelo edital do leilão, a transferência total do controle da transmissora deve acontecer a partir de outubro de 2021. A aquisição, disse Estrella, deverá ser liquidada com caixa da companhia e emissão de dívida.

Estrella revelou ainda que a empresa prevê colocar no mercado uma oferta pública de ações para adquirir os papeis que estão no mercado de capitais. A aquisição desta manhã refere-se a uma participação de pouco mais de 66% da estatal gaúcha.

Impacto 

De acordo com o analista de Research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, embora prejudicado pelo anúncio da Aneel sobre a revisão da RAP que pode fazer CEEE-T incorrer em perdas anuais na receita na casa de dois dígitos, o leilão foi concorrido ao ponto de a própria CPFL aumentar em 2,6% sua oferta durante o leilão.

Em sua avaliação, isso pressiona ainda mais as taxas reais de retorno para a companhia, que seguindo os cálculos da Ativa, são de 5,07% desconsiderando sinergias com RGE Sul, 7 subestações, 6 linhas de transmissão e a operação de PCHs, UHEs e parques eólicos que a companhia possui naquele estado.

“Acreditamos que estas operações podem aumentar relevantemente o retorno para a companhia, uma vez que sua presença no Estado pode a fazer incorrer em economias com despesas como pessoal e logística”, estimou ele.

Mas, continuou ele, tal como nos últimos grandes leilões, a existência de uma taxa de retorno comprimida resulta numa recepção negativa do resultado do leilão por parte do mercado, que observará a partir de então como CPFL extrairá sinergias para majorar a rentabilidade da aquisição.