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Passados mais de um ano após o início da pandemia, a Sices Solar busca se reestruturar após um pedido de recuperação judicial, reorganizando sua relação com clientes e programando ações criativas para incrementar a instalação de projetos fotovoltaicos em residências, empresas e no agronegócio, mantendo parte de sua posição conquistada ao longo dos últimos oito anos e que se traduzem em mais de 1,5 GW de geração distribuída instalada no Brasil.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, o diretor comercial da companhia, André Santin, pontuou que a volta da empresa ao mercado acontece de maneira segmentada, com a divisão dos focos entre varejo, a especialização no agronegócio e mantendo o departamento de turn key com grandes obras nas cidades, comércios e indústrias, mas agora acontecendo somente por parcerias.

“Estamos focados no agronegócio porque temos muitos especialistas em pontos estratégicos que conseguem fazer a leitura exata das necessidades dos consumidores”, disse o executivo, ressaltando que a Sices trouxe novos gerentes para a área comercial e de marketing e que aposta em inteligências digitais para novamente se destacar no mercado.

A meta envolvendo parcerias é de entregar 400 MW ainda nesse ano, com a maioria dos projetos acontecendo no Mato Grosso e a ideia de trabalhar de forma proativa para atrair mais integradores, além da prioridade em humanizar o atendimento, resolvendo qualquer problema do cliente e disponibilizando um laboratório de análises e informações tecnológicas.

Após reestruturação companhia foca em atendimento e projeta 400 MW em entregas até o fim do ano

O organograma atual da desenvolvedora é formado por três diretores: comercial, financeiro e de operações, regidos pelo CEO, Leonardo Pantaleão, numa comunicação classificada como fácil e de um nível extremo de transparência exigido pela recuperação judicial, com os dados contábeis de todos os dias sendo passados aos co-gestores designados a informarem o juiz do processo semanalmente.

“Hoje o negócio é tão sério que a maior segurança do mercado seria comprar da Sices, porque não podemos falhar pela questão da recuperação judicial, o que nos dá uma tranquilidade”, analisa Santin, lembrando que muitas fake news veiculadas no ano passado davam como certo o término da empresa, que ainda possui um grande poder de compra de materiais da China pelo seu histórico das relações.

Na visão do diretor comercial diminuir o ritmo colaborou para definir as novas bases corporativas e estudar o mercado com as demandas atuais, que exigirão investimentos em soluções tecnológicas para recuperar espaço num ambiente altamente pulverizado e competitivo, diferente de suas origens em 2013.

“Não temos parado de investir, sobretudo em tecnologias ligadas aos painéis, inversores e estruturas para as instalações em solo”, afirma André, destacando que o market share da companhia passou de 70% para 45% nos últimos anos e que um dos trunfos é ter sido pioneira nesse mercado, quando muitos no país não acreditavam no potencial da fonte.

“Tem muita gente que nasceu com a empresa e não nos abandonou nessa hora, como fornecedores que acreditam em nosso potencial, mas é claro que mudando as condições, o que é próprio ao nosso momento”, pondera o executivo, citando Canadian, Fronius, SunGrow, além dos fornecedores chineses.

Hoje a maior segurança do mercado é comprar da Sices, porque não podemos falhar. André Santin, da Sices Solar

Reestruturação interna

Segundo o dirigente, o grande problema da Sices foi ter crescido rápido de forma desordenada. Assim, quando a pandemia chegou trouxe posições de incertezas, tanto de clientes como dos fornecedores chineses, pelo fechamento do país em janeiro, o que, acrescido ao aumento do dólar,  fizeram a empresa recorrer a recuperação judicial para sair da crise.

“É ruim para quem se deve mas é um instrumento legal para informar ao credor que os valores serão pagos”, comenta André Santin, salientando a preocupação do CEO tanto com as pessoas que trabalham na companhia quanto com a referência junto ao mercado, tendo a Sices chegado a um faturamento de R$ 1,5 bilhões em 2019.

A reestruturação interna começou na metade do segundo semestre do ano passado, a partir da revisão de processos, estrutura financeira, redução de custos e aportes pontuais para os colaboradores e na arquitetura tecnológica para um atendimento mais qualificado, ágil e com maior eficiência aos projetos customizados.

O objetivo principal foi provar aos clientes e ao mercado de que a empresa podia assumir um compromisso mensal com os credores, a maioria entendendo que o negócio irá acontecer novamente, o que ajudou nas negociações, lideradas por escritórios de advocacia.

“Ficamos até junho do ano passado em transições e com o mercado ainda desconfiado”, lembra Santin, informando que a assembleia com a definição dos pagamentos e como irão acontecer será realizada ainda neste mês de julho, mas adiantando que todas negociações já foram feitas previamente.

Empresa chegou a ter 70% do market share nacional e hoje opera com 30%, afirma diretor comercial

Para equilibrar sua saúde financeira, a Sices diminuiu em mais de 50% os custos fixo com despesas, encerrando alguns aluguéis e consultorias não utilizadas, além das operações que não satisfaziam as margens de lucro. Todos contratos logísticos foram renovados, dando mais opções de entregas e ajudando a fechar o Centro de Distribuição de Jabotão (PE).

“Ter um centro de distribuição no Nordeste custaria mais no frete marítimo, então damos uma compensação para o cliente comprar na matriz e não na sua região”, explica o executivo, salientando que hoje o cliente nordestino compra da matriz e tem sua mercadoria em até cinco dias.

Ainda assim a companhia segue com os escritórios comerciais no Nordeste, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, por acreditar na importância de que o consumidor se sinta abraçado e atendido por pessoas locais, além de estar indo para um novo pavilhão em Alphaville nos próximos três meses, um andar inteiro pagando muito menos do que no atual endereço, na Rodovia Coronel PM Nelson Tranchesi (SP).

Quanto ao futuro, além do pagamento aos credores e objetivo de ganhar competitividade, André Santin vê o mercado aquecido e que irá esquentar ainda mais mesmo com eventuais empecilhos e guerra de preços, citando também as atuações da Sices na Itália e no México, este último com foco no público residencial e esperando o boom de mercado como aconteceu no Brasil.

Outro plano é atender logisticamente todos territórios brasileiros o mais rápido possível e continuar avançando com importantes obras como em institutos federais, como no Instituto de Previdência e Assistência no Rio de Janeiro, além de um projeto da Eneva no Maranhão. “A Sices nunca deixa de ser consultada e continuamos como um grande fornecedor”, finaliza.