Diante do período hidrológico mais crítico, a safra dos ventos vai assegurar o sistema elétrico. É o que preveem especialistas do setor elétrica. O nome é dado nessa época do ano em que os ventos no Nordeste sopram mais fortes e as condições de geração eólica também ficam mais favoráveis à geração desta fonte, ressaltando a complementaridade das fontes hídricas com as eólicas.
As eólicas vêm batendo sucessivos recordes e pela primeira vez na história a fonte abasteceu todo o Nordeste durante um dia todo, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), reforçando a característica do Nordeste de ser um exportador de energia renovável a outras regiões do Brasil.
A capacidade instalada hoje no Brasil é de cerca de 19 GW, com perspectivas de chegar a 30 GW em 2024, ajudando o Brasil a superar futuras crises que eventualmente possam acontecer. Com o período operativo mais desafiador, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, diz que quase todos os dias a geração eólica ultrapassa 11 mil MW instantâneo ou médio. “A safra dos ventos aguenta muito tempo e até o final do ano vamos colhendo esses ventos todos”.
Ciocchi lembra que a transmissão ainda é o grande limitador do setor “por conta de atrasos em projetos e obras, mas esses atrasos estão previstos para serem eliminados até o final do ano”, prevê.
Atualmente as eólicas já abastecem cerca de 11% da demanda de energia no Brasil e para que o Nordeste seja cada vez mais exportador de energia ao resto no Brasil “investimento em infraestrutura de transmissão é mandatório”, diz o executivo.
A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum, concorda que a transmissão ainda é um gargalo do setor eólico, mas acrescentou que a demanda também pode ser um fator importante. “A gente sabe que a economia brasileira não está crescendo tanto e embora a gente tenha uma contratação boa, inclusive no Mercado Livre, a gente precisa de um crescimento do PIB para poder contratar”, diz Gannoum.