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O preço internacional do gás natural tem pressionado para que algumas térmicas que utilizam essa fonte fiquem com o Custo Variável Unitário (CVU) tão alto quanto usinas a óleo combustível e óleo diesel. É o caso da UTE William Arjona, que opera com o CVU de R$ 1.957,15/MWh, valor homologado pela Aneel.

Segundo o presidente da Delta Geração, Luiz Fernando Leone Vianna, o gás representa a maior parte dos custos de geração, o que impacta diretamente a composição do valor do MWh. “Somos uma usina a gás e tem uma diferença que é uma usina menos eficiente do que outras, de ciclo aberto, e máquinas antigas. Do total do nosso CVU, 80% é compra de gás. Então nossa margem fica bastante apertada”, diz.

Com a escalada de preços, o gás acumula alta de 50% em 2021. Mesmo assim, hoje a usina William Arjona está operando por mérito, pois o custo médio de operação em agosto ultrapassa os R$ 2,5 mil por MWh. “Hoje ela tem plenas condições de operar e a gente acredita que isso vá até o final do ano”.

A Delta Geração adquiriu a térmica há 3 anos, mas as máquinas estavam paradas há quase 5 anos, o que exigiu que a empresa fizesse um longo processo para recuperação dos maquinários. A crise hídrica que o Brasil vive foi o momento propício para que ela entrasse em operação. Com todas as turbinas em funcionamento, ela pode consumir até 1,3 milhão de metros cúbicos de gás natural por dia.

Preço deve baixar
Vianna está otimista e acredita que o custo do gás vai reduzir até meados do segundo semestre, diminuindo a pressão sobre os preços. “Para outubro, o preço deve cair de 20% a 30%”, prevê. Em médio prazo, em aproximadamente dois anos, o executivo afirma que com o novo mercado de gás e mais competitividade no setor, o preço da molécula deve cair ainda mais.

A molécula de gás consumida pela Delta na operação da UTE vem da Bolívia, pelo Gasbol, mas o contrato é feito com a Petrobras, que comercializa para a Delta Geração.

Delta considera investimento em eficiência, o que vai permitir a térmica possa operar mais tempo

O fato de ser uma usina de ciclo aberto é outro fator que tem puxado o preço, já que térmicas a gás natural na base do sistema elétrico brasileiro de ciclo combinado são mais eficientes e mais baratas do que térmicas a ciclo aberto.

Para o futuro, Vianna considera planos de investimento em eficiência da térmica, o que vai permitir que ela possa operar mais tempo durante o ano, já que ela deve ficar acionada pontualmente durante a seca nos reservatórios e conforme as necessidades do sistema elétrico e viabilidade de custos. “Com a redução do custo do gás, um possível investimento no fechamento de ciclo, essa usina poderá operar além do próximo período úmido”.