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Para evitar racionamento, 0 Brasil tem atualmente 2,06 GW de usinas térmicas operando sem contrato de comercialização. A medida é para dar segurança ao sistema e evitar um possível risco de desabastecimento, mas pressiona ainda mais os custos da energia. As usinas são Araucária (PR), com (480MW), Cuiabá (MT), com 490 MW, Termomacaé (RJ), com 900MW, e William Arjona (MS), com 190 MW.
Conhecidas como usinas Merchant (no jargão do setor), todas elas operam a gás natural, porém são tão caras quanto usinas a óleo combustível e óleo diesel, visto que geram energia com um Custo Variável Unitário (CVU) alto, necessário para cobrir os gastos operacionais do empreendimento no tempo que ficam paradas. A mais cara de todas é a térmica William Arjona, com custo de R$ 1.741,11/MWh.
Segundo o diretor-presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget), Xisto Vieira Filho, essa pressão ocorre porque algumas usinas Merchant têm um preço de CVU maior do que outras usinas.
“Essas usinas sem contrato têm que colocar no CVU, além do preço do combustível, o preço para remunerar o investimento”, que segundo Xisto, encarece mais o valor do MWh. “Essas usinas são exceção. As usinas com contrato têm um CVU bem menor”, afirma.
Segundo ele, o CVU de uma usina contratada varia entre R$170/MWh a R$300/MWh, enquanto as usinas sem contrato operam com valores que podem superar os R$ 1.900/MWh. A expectativa de Xisto é que os preços se reduzam quando chegar o gás do pré-sal. Como boa parte das térmicas previstas na resolução da Eletrobras são inflexíveis, “elas serão ótimas para receber gás do pré-sal”.
Medida visa dar segurança ao sistema e evitar um possível risco de desabastecimento
Número pode crescer
O governo vem buscando usinas sem contrato para reforçar o sistema elétrico até o fim do período seco, quando os reservatórios das hidrelétricas tendem a piorar. Todavia, a estratégia traz efeitos negativos sobre a conta de luz, já que o custo dessas novas plantas é rateado por todos os consumidores.
Uma solução para reduzir o impacto do acionamento seria um leilão de energia existente em que elas teriam melhores condições de remunerar os custos fixos sem a necessidade de terem um CVU alto. Essas usinas vendem energia no mercado de curto prazo e algumas delas estão inclusive com operações paralisadas.
No final de julho, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) abriu um processo de recebimento das propostas de geração de usinas sem contrato de comercialização de energia elétrica pelos possíveis agentes interessados. Na época, a autorização contempla usinas com acionamento de acordo com a ordem de mérito, ou seja, térmicas que apresentam custo variável unitário (CVU) menor do que o custo marginal de operação (CMO). Entretanto, uma recente decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) autorizou a manutenção da geração termelétrica fora da ordem de mérito.