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Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) mostra que estão sendo observadas mudanças no clima da Terra em todas as regiões e em todo o sistema climático. Muitas destas alterações, inclusive, avaliam os cientistas, não têm precedentes em questão de milhares ou centenas de milhares de anos. Algumas já estão ocorrendo, como o aumento contínuo do nível do mar, e são irreversíveis ao longo de centenas a milhares de anos.
Apesar deste cenário, reduções fortes e sustentadas nas emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa poderiam limitar as mudanças climáticas. Embora os benefícios para a qualidade do ar venham surgir rapidamente, estima-se que pode levar de 20 a 30 anos para que as temperaturas globais se estabilizem. As conclusões constam do relatório do Grupo de Trabalho I do IPCC, aprovado na sexta-feira, 06, por 195 governos membros do Painel, por meio de uma sessão de aprovação virtual que durou duas semanas, a partir de 26 de julho.
O relatório do Grupo de Trabalho I é a primeira parte do Sexto Relatório de Avaliação do IPCC (AR6), que será concluído em 2022. A publicação está disponível para download no site do órgão, em inglês.
As chances de ultrapassar o nível de aquecimento global de 1,5° C está cada vez mais difícil, nas próximas décadas. A menos que haja reduções imediatas, rápidas e em grande escala nas emissões de gases de efeito estufa, alcançar a faixa de elevação de temperatura global média em até 2 °C estará fora do alcance.
As emissões de gases de efeito estufa das atividades humanas são responsáveis por cerca de 1,1 °C de aquecimento desde 1850-1900. Em média, nos próximos 20 anos, a temperatura global deverá atingir ou ultrapassar 1,5° C de aquecimento. Esta avaliação é baseada em conjuntos de dados observacionais aprimorados para avaliar o aquecimento histórico, bem como o progresso na compreensão científica da resposta do sistema climático às emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem.
Entre as consequências projetadas estão a ocorrência de ondas de calor crescentes, estações quentes mais longas e estações frias mais curtas considerando 1,5° C. Já na faixa de 2° C de os extremos de calor atingiriam mais frequentemente os limites de tolerância críticos para a agricultura e saúde.
E alerta que não se trata apenas de temperatura. Segundo o IPCC, a mudança climática está trazendo várias mudanças em diferentes regiões e que irão aumentar com o aquecimento adicional. Isso inclui mudanças na umidade e seca, nos ventos, neve e gelo, áreas costeiras e oceanos. São esperadas chuvas mais intensas e inundações associadas, bem como secas mais intensas em muitas regiões. Em altas latitudes, é provável que a precipitação aumente, enquanto se prevê que diminua em grandes partes das regiões subtropicais.
As áreas costeiras verão o aumento contínuo do nível do mar ao longo do século 21, contribuindo para inundações costeiras mais frequentes e severas em áreas baixas e erosão costeira. Eventos extremos ao nível do mar, que anteriormente ocorriam uma vez a cada 100 anos, poderiam acontecer todos os anos até o final deste século.
Além disso, o aquecimento adicional ampliará o degelo do permafrost – gelo permanente nos extremos do planeta – e a perda da cobertura de neve sazonal, o derretimento das geleiras e mantos de gelo e a perda do gelo do mar Ártico no verão.
Para as cidades, ambiente onde está a maioria das pessoas, alguns aspectos da mudança climática podem ser amplificados, incluindo o calor (já que as áreas urbanas são geralmente mais quentes do que seus arredores), enchentes devido a eventos de forte precipitação e aumento do nível do mar nas cidades costeiras.
Por fim, o relatório também mostra que as ações humanas ainda têm o potencial de determinar o futuro curso do clima. A evidência é clara de que o dióxido de carbono (CO2) é o principal impulsionador das mudanças climáticas, mesmo que outros gases de efeito estufa e poluentes atmosféricos também afetem o clima.