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O segundo semestre de 2021 poderá entregar bons resultados para os integradores de sistemas de geração distribuída. É o que revela a pesquisa da Greener sobre esse mercado na primeira metade deste ano. De acordo com as respostas, 79% do público que participou desse levantamento aponta que está otimista com relação ao volume de negócios em 2021. O volume de equipamentos no primeiro semestre do ano já é equivalente ao ano passado todo.

Esse otimismo é refletido na expectativa de venda para o consolidado do segundo semestre, a maior parte dos respondentes, 49% do total, apontou que espera vender entre 100 kWp a até 1 MWp em capacidade instalada. 42% esperam vender até 100 kWp e 10% acima de 1 MWp.

Dois pontos justificam esse otimismo apresentado pelos integradores na pesquisa sobre GD da Greener. O primeiro deles é a questão da crise hídrica que tem ganhado cada vez mais holofote e reverberado na conta de luz do consumidor final. Outro fato é a forte retração desse mercado que ocorreu no ano de 2020 em consequência da expansão da pandemia de covid-19.

Segundo o CEO da Greener, Márcio Takata, a crise hídrica tem chamado a atenção do consumidor que quer se proteger da variação de preços. Para sistemas comerciais essa questão também está na pauta, mas ainda estão incluídos aí a busca por fonte renovável de energia por conta de uma visão de sustentabilidade que organizações estão colocando na sua agenda de ESG.

“Esse mercado vem evoluindo de forma relevante, o consumidor quer fugir das bandeiras tarifárias, um mecanismo que dá o sinal econômico que estimula as pessoas a consumirem energia de forma mais eficiente. Então, a GD solar entra como um elemento importante nesse contexto. O crescimento acaba sendo uma consequência natural da crise hídrica e ajuda a reduzir o impacto no curto prazo”, avalia ele.

De acordo com a pesquisa, a classe residencial se destaca no avanço da GD, representando 50% do volume adicionado no primeiro semestre de 2021, ao passo que a classe comercial foi responsável por 29%. Dentre os consumidores comerciais, o varejo, com destaque para supermercados, é o setor que mais instala sistemas fotovoltaicos representando 38% das instalações.

Entre os motivos que levaram a essa conclusão está o trabalho remoto, a energia elétrica mais cara e o maior acesso ao financiamento que está presente em 54% das vendas, podem ser fatores decisivos na escolha da GD pelos consumidores residenciais nos próximos meses.

Entre os destaques do primeiro semestre está o volume de módulos fotovoltaicos que atingiu 4,88 GW, superando o volume do ano todo de 2020. Na comparação entre janeiro e junho de 2020 o aumento foi de 99%. Em termos de inversores, os números se aproximam em ordem de grandeza. No primeiro semestre foram 4,55 GW, aumento de 83% na comparação com o primeiro semestre de 2020. No total de 2020 foram 4,9 GW.

Takata lembra que outro sinal de avanço está no aumento da conversão de orçamentos em pedidos pelos integradores. No segundo semestre esse índice que era de 9,8% aumentou para 10%. Em 2016 essa taxa era de apenas 4%.

Não é à toa que o volume de sistemas instalados aumenta. A Greener cita dados da Agência Nacional de Energia Elétrica que indicam que o país atingiu 532 mil unidades consumidoras com GDFV, um crescimento de 40% em relação à dezembro de 2020. São 689 mil unidades consumidoras que recebiam créditos de energia, crescimento de 46%.

Participaram da pesquisa 1.801 empresas integradoras, um pouco mais de 10% do total no Brasil que estão em atividade. E ainda, outras 650 consumidoras finais que instalaram GD nesse período. O número de empresas com faturamento mais elevado aumentou. Do público ouvido, 39% vendeu volume acima de 100 kWp, comparado a 32% no mesmo período de 2020. Enquanto isso, o volume de empresas que não efetuou venda no período caiu de 25% para 9% entre 2020 e 2021, indicando um mercado com mais oportunidades para o setor, analisa a Greener.

O porte mais comercializado continua sendo na faixa de 4 a 7,99 kWp, contemplando 45% das empresas. E ainda, observou-se maior representatividade do porte de 8 a 11,99 kWp em relação ao último semestre de 2020, que abrangia 16% das empresas e agora avançou a 22%.

Preços em alta
Apesar desses números o preço dos sistemas está em tendência de alta. Um dos motivos é que a demanda global está mais elevada do que a capacidade de investimento e atendimento das fabricantes. Esse movimento, diz Takata, deverá alcançar mais os projetos de GD de porte para atendimento ao comércio. No segmento residencial a mudança não deverá ser tão forte.

“Nos sistemas comerciais de grande porte a tendência de elevação dos custos com preço de módulo maior porque falta capacidade de produção para responder na mesma velocidade da demanda. Com isso o retorno do investimento fica mais longo”, concorda. Para o executivo o ex-tarifário ajuda mas o atual patamar do dólar em relação ao real acaba sendo outro fator de pressão. Ele exemplifica que no início do ano o preço estava em US$ 0,20/kWp o módulo agora está em US$ 0,26 kWp. “Esse aumento ainda irá refletir no mercado brasileiro no segundo semestre de 2022”, conclui.