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Para evitar um racionamento e compensar a baixa nos reservatórios das hidrelétricas, o país já recorre a 4,42 GW de termelétricas de baixa eficiência. Conhecidas como usinas de ciclo aberto (no jargão do setor), essas plantas são também mais caras, pois não aproveitam da melhor maneira o combustível utilizado.
O levantamento foi feito pela Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget), com dados da consultoria Thymos, a pedido da Agência CanalEnergia. Ao todo, são 20 usinas térmicas que estão operando atualmente, sendo cinco movidas com motor a óleo. Todas as usinas constam no Informativo Preliminar Diário da Operação (IPDO) de 17 de agosto de 2021.
Apesar de importantes para o sistema, especialistas ouvidos pela reportagem avaliam que o governo não está usando essas termelétricas da maneira adequada, já que a vantagem dessas usinas é o acionamento e desligamento rápido, ideal para atender resposta da demanda, falha de linha ou queda repentina da geração, ou seja, demandas emergenciais que as térmicas mais eficientes – chamadas de ciclo combinado – não conseguem exercer esse papel já que precisam de mais tempo para serem ligadas.
“Elas estão sendo usadas para o produto errado. Elas são usadas para atender resposta da demanda, falha de linha que caiu ou gerador que quebrou, ou seja, para a segurança elétrica. Mas como chegamos a uma situação de insegurança energética, elas estão sendo usadas para a segurança energética”, João Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos
Entretanto, para evitar um colapso de falta de energia, essas usinas estão sendo utilizadas em tempo integral. Ocorre que o acionamento das termelétricas de ciclo aberto pesa no bolso, já que a menor eficiência torna o custo do combustível mais alto, e o preço delas é rateado entre todos os consumidores.
O presidente da consultoria Thymos, João Carlos Mello, diz que as térmicas de base, por terem o Custo Variável Unitário (CVU) mais baixo e serem mais eficientes, são as recomendáveis. Segundo Mello, o Brasil não deveria ter chegado a essa situação, mas por causa de um quadro hidrológico tão crítico precisa usar.
“Elas estão sendo usadas para o produto errado. Elas são usadas para atender resposta da demanda, falha de linha que caiu ou gerador que quebrou, ou seja, para a segurança elétrica. Mas como chegamos a uma situação de insegurança energética, elas estão sendo usadas para a segurança energética”, diz.
Para evitar um colapso de falta de energia, usinas de menor eficiência estão sendo utilizadas em tempo integral
Erros do passado
Na análise do diretor-presidente da Abraget, Xisto Vieira Filho, esse foi um erro do passado em que não se planejou corretamente o uso dessas usinas menos eficientes para as necessidades do país.
“Deveríamos ter planejado usinas de ciclo combinado a mais tempo para entrarem em operação com o gás barato. Como não teve essa previsão, a resposta está ai”, diz Xisto.
Segundo ele, a maioria dos leilões recentes têm colocado em seus editais que as usinas a gás precisam ser de ciclo combinado. “Isso é um problema corrigido”, diz. “As usinas de ciclo combinado são mais eficientes e, portanto, sai mais barato gerar com usinas de ciclo combinado”.
João Carlos Mello, da Thymos, segue o mesmo raciocínio e acrescenta que o Brasil precisa avançar para não chegar sempre nessa solução. “Foi em 2001, no começo de 2015, enfim, tem lições aprendidas que são importantíssimas para evitar lá para frente outra solução desse tipo”.
Confira abaixo a lista das usinas
Aparecida (166 MW), Juiz de Fora (87 MW), Luiz O R Melo (204 MW), Maranhão IV (338 MW), Maranhão V (338 MW), Nova Venécia (178 MW), Parnaíba IV (56 MW), Prosperidade 1 (28 MW), Seropédica (386 MW), Termobahia (186 MW), Três Lagoas (386 MW), Termomacaé (929 MW), Termoceará (220MW), Vale do Açu (368 MW), William Arjona (190 MW).
Motor: Cristiano Rocha (85 MW), Manauara (67 MW), Tambaqui (75MW), Jaraqui (75MW), Ponta Negra (66 MW)