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O ambicioso projeto de tornar o pequeno município de Entre Rios, no litoral norte da Bahia, em uma das cidades mais modernas do mundo ganhou mais um importante parceiro. A Enel X agora é uma das gigantes do setor de energia que vai colocar seu know how de soluções inteligentes à disposição dos empreendedores do projeto chamado de Cidade Aguaduna.
O anúncio foi feito com exclusividade à Agência CanalEnergia e os executivos envolvidos no projeto contaram com detalhes os planos de como será essa nova parceria. A principal atuação da Enel X será na área de espaços inteligentes para as cidades e energias renováveis, mas a empresa deve desenvolver também produtos e serviços aplicados à mobilidade elétrica e compartilhada.
Aguaduna é um empreendimento binacional entre Espanha e Brasil organizado pela Naurigas Emprendimientos. A Enel X ingressou recentemente no empreendimento como parceira estratégica, assumindo o compromisso de apresentar propostas e, posteriormente, implementar soluções e tecnologias que farão de Aguaduna uma referência mundial de cidade inteligente e sustentável.
“Sabíamos que para um projeto como esse precisaríamos de pares estratégicos globais para trazer todas as tecnologias que vão ser desenvolvidas em Aguaduna, como no caso da parceria com a Enel X”, disse o Sócio-diretor da Naurigas Empreendimentos, Manuel Matutes.
A companhia italiana se junta a outras gigantes, como a Cetrel e a Siemens, para colocar de pé um modelo de cidade que retoma o equilíbrio entre a sociedade e a natureza. O executivo conta que a expectativa é iniciar os trabalhos até no final do primeiro semestre de 2022, já que em algumas áreas, “como conectividade e mobilidade, ainda estamos perto de fechar algumas parcerias”.
O acordo teve o apoio da EAN Energia, consultoria especializada em energias renováveis e que promove a conexão dos parceiros que serão os ativadores de Aguaduna. O executivo da empresa, Eduardo Angelo, ressaltou o ineditismo da proposta de uma cidade totalmente inteligente e sustentável e o modelo de identificação e seleção dos parceiros.
“Os parceiros com quem já fechamos aderem aos compromissos de inovação, descarbonização, projetos voltados à sustentabilidade e inclusão social. Todos têm que ter isso em suas metas, dentro de seus valores básicos e nas suas futuras soluções”, afirmou.
Inteligente e sustentável
Se for como o prometido, quando pronta, Aguaduna deve se tornar um município de dar inveja em qualquer outra cidade europeia de primeiro mundo. Ao todo, estão previstas cinco etapas. Para a primeira fase do projeto, nos próximos três anos, o investimento adicional é de cerca de 250 milhões de euros e a geração estimada de cerca de 6 mil empregos.
Hoje o município de Entre Rios tem em torno de 42 mil habitantes, mas no final da última fase, a população estimada de Aguaduna será de 60 mil pessoas. Entretanto, os executivos são categóricos ao afirmarem que os impactos positivos devem extrapolar os limites geográficos e estima-se que cerca de 380 mil pessoas que vivem nas redondezas serão beneficiadas pelo projeto, por meio da economia circular, geração de empregos, mobilidade verde, turismo e gestão eficiente de recursos naturais.
O responsável pela Enel X no Brasil, Francisco Scroffa, afirma que o projeto está alinhado com o DNA da companhia e que “o objetivo é descarbonizar os clientes e as cidades, oferecendo soluções que tornem as cidades mais digitais, sustentáveis e circulares, com benefícios para os cidadãos e para a sociedade”.
Segundo Scrofa, a companhia está à frente de todos os estudos para o sistema de geração e distribuição elétrica do projeto, que será inteiramente por energias renováveis. “A ideia é descentralizar a produção de energia e fazer tudo em menor escala”.
O empreendimento pretende contar com sistemas inteligentes dedicados à produção local e descentralizada de energia, buscando independência energética e redução das emissões de gases de efeito estufa. “Todas as soluções são interligadas entre elas e tem três grandes pilares: fibra ótica, transporte elétrico público e iluminação pública inteligente”, diz Scroffa.
Para Eduardo Ângelo, da EAN Energia, a concepção de um projeto de cidade resiliente e livre de emissão de carbono não considera em nenhuma hipótese energia que não venha de fontes renováveis, nem mesmo energia de back-up, o que deve exigir a combinação de fontes de energia com diferentes perfis de produção horária, já que fontes renováveis, como a solar, têm intermitência natural conhecida.
“Muito dificilmente num primeiro momento a gente será autossuficiente. Então eu dependo de uma geração outside, que vai ser feita com a Enel X para a contratação de energia, por exemplo, eólica”.
Desafios
Estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que 70% da população mundial vão viver nas cidades até 2050. Esse dado evidencia o papel das cidades na agenda global para o desenvolvimento sustentável, segurança alimentar, qualidade de vida e mudanças climáticas.
Motores da prosperidade global, as cidades do futuro devem cada vez mais influenciar o comportamento social. No entanto, esse aumento da população urbana e as dificuldades de construir uma cidade modelo do zero são o reverso da moeda. Mas há também quem encare isso como uma oportunidade, já que corrigir erros e vícios de cidades que nasceram sem um planejamento urbanístico focado na sustentabilidade pode ser ainda mais desafiador.
A Enel X já tem expertise em projetos inteligentes em outras cidades do Brasil. A empresa atua em São Paulo (SP), Angra dos Reis (RJ), firmou um contrato em Macapá (AP), mas vai iniciar esse projeto de Aguaduna do zero. “Não estou falando que é mais fácil, porém é mais ideal, porque não precisamos corrigir décadas de infraestrutura deficiente”, diz Scroffa.
Manuel Matutes, da Naurigas Empreendimentos, acrescenta outro elemento importante que vai estar no radar do executivo até a conclusão das cinco fases do empreendimento, que é como construir uma cidade modelo do zero equilibrando os interesses econômicos dos parceiros a um custo viável aos moradores.
“Um desafio de trazer benefícios para os parceiros e para os residentes da cidade. Um grande exercício de equilíbrio para dar um serviço de qualidade a um preço sustentável”. Matutes acredita, no entanto, que uma cidade alinhada com os padrões de sustentabilidade consiga ajustar esses interesses.