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O receio de um cenário de escassez de energia que se desenha no Brasil está puxando as vendas de motores e geradores em 2021 para os maiores patamares em quase uma década. Essa corrida de empresas de diversos setores da economia por esses equipamentos é uma tentativa de se antecipar a um possível racionamento e evitar perdas com a paralisação da produção.
Neste contexto, fabricantes de grupos geradores surfam com vendas em níveis recordes. É o caso da empresa OnPower, que em 2021 teve a maior curva crescente na venda de grupos geradores desde 2013. Segundo o gerente de vendas, Fernando Lemos, o ano deve ser o melhor da história, superando o pico de 16 mil unidades diesel vendidas por todos os fabricantes no Brasil. A empresa também comercializa motores a gás natural e biogás.
“Estamos em agosto e já alcançamos 82% de crescimento nas vendas em relação a 2020. Temo pela escassez de motores no mercado de forma geral. Tenho pedido colocado de 60 motores, que vou receber metade em novembro de 2021 e outra metade em fevereiro de 2022. Não tem motor para o mercado industrial e nem para o mercado automotivo”, diz Lemos.
Além da fila de espera, o executivo relata que já há falta de componentes eletrônicos para esses motores e que seus clientes têm pedidos na carteira, mas não conseguem aumentar a produção.
Outra empresa que está com um número grande de pedidos é a Stemac, que registrou um aumento de 35% na procura pelos produtos nos últimos dois meses. Na análise do vice-presidente executivo da companhia, Valdo Marques, com o avanço da vacinação e uma retomada mais célere da economia, era esperado que esse mercado fosse aquecer. Entretanto, o medo de um apagão deu mais força ao crescimento.
“Há uma concorrência de fatores para aumentar o consumo de grupos geradores, que é a retomada da economia e do investimento e mais essa possível necessidade em função de uma crise súbita de energia a partir do último trimestre do ano”, diz.
A MWM Motores e Geradores teve um aumento surpreendente na demanda de grupos geradores, que teve uma evolução de 200% considerando o período de novembro de 2020 a julho de 2021, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Segundo o diretor da unidade de motores e geradores da companhia, Cristian Malevic, esse incremento “não é proporcional ao tamanho do risco de ruptura no fornecimento energético, e, principalmente, proporcional ao aumento das contas de energia elétrica”, diz.
Do outro lado do balcão
Empresas que antes estavam buscando geradores para emergência agora compram equipamentos para rodar em momentos de pico. O perfil de clientes vai desde industriais da cadeia primária, passando pela construção civil, agroindústria e até hospitais.
É o caso da Anglo Metais, que atua em Guarulhos (SP) no processamento de cobre em grandes fornos. O gerente-geral, Gilson Alves de Santana, conta que tem um gasto médio de R$ 300 mil com energia e sofre com constantes quedas e oscilações de energia. “Quando a energia cai, sou obrigado a entrar com os geradores”.
Agora com a ampliação dos trabalhos em uma nova filial em Sorocaba (SP), o empresário se viu obrigado a comprar três novos geradores para atender a demanda e não comprometer a produção. “À princípio, a gente comprou para back-up, mas nos horários de pico vamos acionar os geradores para trabalhar algumas horas”.
Entretanto, ele lembra que isso pode mudar, caso um racionamento aconteça de fato, visto que a planta trabalha 24 horas por dia, sete dias por semana. “A produção não pode parar”, diz Santana.
Além da segurança energética, outra estratégia dele é a redução de custos. Com a escalada de preços por conta do acionamento das termelétricas, ele tem visto a conta de energia subir. “Pedimos um estudo de quanto será a redução de custos com os geradores e esperamos algo em torno de dois dígitos”, prevê.
Toda crise é isso
Valdo Marques, da Stemac, lembra que a busca por geradores se intensificou recentemente, num movimento semelhante ao assistido na crise energética de 2001. “É o que parece que acontecerá no último trimestre de 2021, um racionamento programado em função dos baixos níveis dos reservatórios”.
Caso isso realmente aconteça, ele prevê que a demanda virá de todos os segmentos da economia, “desde a pequena padaria até o grande shopping center e condomínios residenciais”.
Segundo Marques, é possível absorver a alta demanda, todavia o crescimento exponencial atrapalha a cadeia logística e muitas vezes os fabricantes não conseguem atender a indústria e o mercado de maneira satisfatória. Ele sugere que os empresários se planejem com antecedência para que não tenham problemas.
Malevic, da MWM, segue na mesma linha e tem aconselhado os clientes e parceiros de negócios para que se planejem adequadamente com estoques de equipamentos e antecipação de pedidos, pois, em paralelo com a crise hídrica, “a cadeia de fornecimento de peças para motores e grupos geradores passa por um momento único de restrição de material, fruto de retomada global das economias que ocorre com o aumento de cobertura da vacinação contra o Covid-19. Quem deixar para a última hora enfrentará uma longa fila de espera para entrega”.